Cotidiano

Com rooftop exclusivo, Teatro Coliseu será entregue nos primeiros meses de 2026

Espaço cultural terá área inédita no alto do prédio, aberta a parcerias com empresas e novos usos além dos espetáculos tradicionais; confira entrevista na íntegra

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 24/08/2025 às 07:30

Atualizado em 24/08/2025 às 09:59

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O secretário de Cultura de Santos, Rafael Leal, esteve na redação do Diário do Litoral / Renan Lousada/DL

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Santos se prepara para ampliar sua infraestrutura cultural com novidades que prometem transformar a cidade em um polo ainda mais atrativo para turismo, negócios e entretenimento.

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Entre os destaques, o Teatro Coliseu ganha um rooftop exclusivo, pensado não apenas como espaço de contemplação da cidade, mas também para ser cedido a empresas para eventos corporativos e culturais, criando uma ponte entre cultura, turismo e mercado.

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Segundo o secretário de Cultura de Santos, Rafael Leal, a iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla de revitalização dos teatros municipais, todos com previsão de reabertura no primeiro semestre de 2026.

Além do Coliseu, outras obras culturais estão em andamento, incluindo o Teatro Municipal, com modernização interna, reforma da fachada e melhorias nas áreas de balé e galerias de arte, e o Teatro Guarany, que terá novas intervenções em 2026.

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Rafael Leal destaca que todos os investimentos são realizados sem uso do orçamento próprio da prefeitura, contando com recursos do Governo do Estado, parcerias privadas e projetos de incentivo à cultura. A expectativa é entregar espaços modernos, revitalizados e acessíveis ao público, fortalecendo a cultura e o turismo de Santos.

O secretário reforça que o objetivo não é apenas reformar os espaços, mas também garantir programação diversa e de qualidade, envolvendo teatro, dança e audiovisual. Santos já se destaca como referência no setor audiovisual, com mais de mil produções, cinco salas públicas de cinema e a Escola de Audiovisual e Cinema, cuja inauguração está prevista em breve.

A cidade busca, ainda, maior equilíbrio na distribuição de atividades culturais, incluindo ações na Zona Noroeste e polos de formação artística em toda a cidade.

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Confira a seguir a entrevista completar com Rafael Leal, secretário de Cultura de Santos:

Diário do Litoral: Vamos começar falando sobre Carnaval. Como a cidade tem se organizado para o evento e quais foram as estratégias adotadas?

Rafael Leal: O Carnaval de Santos é um dos mais consolidados do Brasil, entre os cinco maiores do país. A mudança da data do Carnaval teve início em 2016. E, desde então, o desfile é realizado uma semana antes da data oficial. Essa antecipação permitiu atrair não só o público da região metropolitana, mas também turistas da capital, da Grande São Paulo e de Campinas.

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A ideia era não competir com Rio e São Paulo, mas fortalecer o turismo regional. As escolas de samba também se beneficiaram: os componentes aumentaram, há mais participação da população e conseguimos vender fantasias e alas que antes não tinham saída.

Hoje, conseguimos colocar mil, mil e cem pessoas na avenida sem dificuldade. O evento cresceu bastante e fortaleceu a cultura local.

DL: E quanto à infraestrutura cultural da cidade? Quais obras estão em andamento e quais espaços passarão por melhorias?

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Rafael Leal: Atualmente, estamos vivendo o maior investimento em infraestrutura cultural dos últimos anos. No Teatro Municipal, estamos finalizando a segunda etapa e, entre o final deste ano e o início do próximo, iniciaremos a terceira etapa. A obra é planejada de forma que nunca precisamos fechar o teatro.

As intervenções incluem modernização interna, iluminação, reformas das galerias de arte, fachada, vidros, guarda-corpos e áreas do balé. No Teatro Guarany, recentemente fizemos a fachada, mas planejamos novas intervenções em 2026. No Teatro Coliseu, estamos na segunda etapa, que envolve a caixa cênica e a infraestrutura interna do palco.

A terceira etapa será voltada à exploração turístico-cultural, com espaços para contemplação da vista da cidade. Importante destacar que todos esses investimentos são realizados sem uso do orçamento próprio da prefeitura, contando com recursos do Governo do Estado, parcerias privadas e projetos de incentivo à cultura.

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DL: Há previsão de conclusão das reformas e reabertura dos teatros?

Rafael Leal: Sim. A expectativa é que, no primeiro semestre do próximo ano, todos os quatro teatros da cidade estejam funcionando plenamente. A ideia é entregar espaços modernos, revitalizados e acessíveis ao público, fortalecendo a cultura e o turismo de Santos.

DL: Dentro do pacote de infraestrutura, quais outras obras culturais estão sendo planejadas ou concluídas?

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Rafael Leal: Além do Coliseu, estamos quase finalizando a nossa escola de audiovisual e cinema. Ainda não tem nome definido, pois estamos em busca de parcerias e modelagem de negócio.

O espaço foi concebido com recursos do baile da cidade do ano passado. A ideia é criar um local dedicado ao audiovisual, estimulando economia criativa, cultura e turismo, com cinema e espaço para cursos e atividades ligadas à produção audiovisual.

DL: E como vocês planejam garantir uma programação diversificada nesses espaços quando estiverem funcionando?

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Rafael Leal: Santos tem uma sociedade civil muito organizada, com produtores, conselhos de cultura e grupos culturais ativos. Isso nos permite ter uma programação diversa durante todo o ano em nossos equipamentos culturais.

Estamos atentos ao teatro, que vem enfrentando redução de público em nível nacional. O foco é formar plateia, investir na linguagem teatral e manter a cidade como polo de grandes turnês. Temos a escola pública de teatro Wilson Geraldo no Guarany, cursos de dança, corpo de baile e o programa Fábrica Cultural, com 8 mil alunos em 18 polos da cidade, além de 160 instrutores.

DL: Quais os marcos recentes do audiovisual em Santos e suas conquistas?

Rafael Leal: Este ano comemoramos 10 anos do selo de cinema da UNESCO e 20 anos da Santos Film Commission. Já foram realizadas mais de mil produções — filmes, séries, minisséries, documentários e comerciais. Temos cinco salas públicas de cinema e mais de 11 mil espectadores.

A indústria audiovisual movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos. A cidade é estratégica para produções audiovisuais, e investimos fortemente em formação de profissionais e novos talentos, com concursos de curta-metragem e cursos que já formaram centenas de alunos.

DL: Por que a maioria das gravações ocorre no centro de Santos, e não nas praias, por exemplo?

Rafael Leal: O centro histórico é muito estratégico: permite filmar quarteirões inteiros sem precisar de truques tecnológicos, mantendo a autenticidade dos anos 50 e 60.

Historicamente, muitas produções usaram o centro para representar São Paulo ou Rio de Janeiro, mas isso está mudando: produtores, como no filme do Chorão, já estão buscando retratar a própria praia de Santos, valorizando a cidade como locação.

Além disso, nossa estrutura de atendimento às produções é diferenciada. Por ser menos concentrado que nas capitais, conseguimos oferecer suporte mais personalizado, facilitando locações e logística para filmagens.

DL: O Carnaval é um destaque do calendário cultural de Santos. Como está o planejamento para o próximo ano?

Rafael Leal: Já iniciamos o acompanhamento das escolas de samba, que estão escolhendo enredos e sambas-enredo. Mantemos reuniões periódicas com a Liga das Escolas de Samba e todas as agremiações, acompanhando cada evolução.

Nosso Carnaval tem crescido muito, então identificamos a Zona Noroeste como o nosso “sambódromo”, o local dos desfiles. Nosso papel é causar o menor impacto possível aos moradores e garantir segurança para todos os envolvidos. Hoje, estamos na fase de planejamento estrutural, logístico e operacional, incluindo a licitação da infraestrutura e operação do evento.

Estamos discutindo insights técnicos que podem ser diferenciais, mas temos um desafio: o desfile acontecerá muito cedo, na primeira semana de fevereiro, o que limita a agenda. Manteremos a “quarta cabine” de jurados, que foi um sucesso, incentivando que as escolas desfilassem até o último centímetro da avenida. O lançamento oficial do Carnaval será em setembro, com uma grande feijoada.

DL: Além do Carnaval, quais eventos culturais estão programados para este ano e para o próximo?

Rafael Leal: Temos várias iniciativas: a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos comemorará 30 anos nos dias 28 e 29 de outubro, com concertos gratuitos e mais de 120 músicos em palco; a Concha Acústica terá apresentação do coral municipal no dia 31 de outubro, incluindo repertórios de Chico Buarque, Ivan Lins e outros; em novembro, haverá festival dedicado à cultura preta, com edital e atividades culturais, e o festival geek, um dos maiores de cultura pop do país, no centro histórico e no Parque Valongo; e, em setembro, a Semana da Primavera terá apelo visual e música intimista no centro da cidade.

DL: Por que há menos eventos culturais na orla de Santos atualmente?

Rafael Leal: A Concha Acústica tem programação fixa aos domingos e está aberta para produções externas mediante agendamento. A orla continua recebendo eventos tradicionais, como chorinho no Aquário, Baile da Fonte do Sapo, aniversário da cidade, Réveillon e Projeto Verão.

O que mudou é que intensificamos eventos no centro histórico, para revitalizar a região, atrair público e movimentar a economia local. A intenção é trazer mais gente para o centro, sem reduzir os eventos na orla.

DL: A chegada do Parque Valongo influenciou a realização de eventos culturais na cidade?

Rafael Leal: Sem dúvida. O Parque Valongo se tornou um local estratégico para produtores realizarem festivais e outros eventos. É um espaço já consolidado, mas podemos sempre incentivar mais eventos, principalmente na Concha Acústica, que é um palco que merece ser ainda mais explorado.

DL: Qual você considera o maior avanço da cultura em Santos nos últimos anos?

Rafael Leal: Os editais de fomento foram um dos maiores avanços. Hoje entendemos estrategicamente a importância de investir diretamente nos artistas. Equipamentos culturais são fundamentais, mas são apenas “cimento”; o essencial é apoiar quem cria. Nos últimos dez anos, aumentamos significativamente os recursos de editais e fomentos.

Fomento para o Clube do Choro e Pinacoteca aumentou 80% em relação ao passado, investimentos na Casa das Culturas somaram mais de 500 mil reais, o FACULT, que antes investia 200 mil reais, hoje investe 1 milhão em 50 projetos, e o programa de incentivo fiscal Trem Cultural teve investimento de 1,2 milhão de reais.

Ao longo deste ano, o investimento total em editais deve chegar a quase 10 milhões de reais, movimentando cerca de 60 milhões na economia local, segundo estudo recente da FGV do Rio de Janeiro. Esses recursos geram circulação, contrapartidas e ocupação de espaços públicos, revitalizando locais e fortalecendo a cena cultural.

DL: Quais desafios ainda precisam ser superados na área cultural?

Rafael Leal: Há três desafios principais: a longevidade do trabalho e gestão, buscando equilibrar expectativas e recursos disponíveis; o investimento contínuo, buscando recursos junto aos governos federal e estadual, iniciativa privada e parcerias; e o engajamento de jovens e crianças, usando a cultura como ferramenta para reduzir o tempo excessivo de telas e jogos, atraindo-os para atividades culturais.

DL: E quanto à distribuição da cultura pela cidade, especialmente na Zona Noroeste?

Rafael Leal: Todos os editais e fomentos são bem repartidos. O Fábrica Cultural possui 18 polos distribuídos por toda a cidade, garantindo acesso amplo a cursos e atividades. O que falta, às vezes, é um equipamento cultural de grande porte na Zona Noroeste. O maior evento na região é o Carnaval, mas há espaço para ampliar a presença de atividades culturais permanentes. Temos cursos e ações na área continental, mas estamos atentos à necessidade de fortalecer ainda mais a infraestrutura e os polos de cultura.
 

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