Cotidiano

Com até 2,5 metros, maior águia do mundo reaparece no Pantanal e surpreende pesquisadores

Também conhecida como gavião-real, a harpia é um dos maiores símbolos da fauna brasileira e um indicador direto da saúde ambiental

Ana Clara Durazzo

Publicado em 24/12/2025 às 15:15

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A aparência inconfundível inclui uma crista de penas na cabeça, que lembra uma coroa e deu origem ao nome popula / Reprodução/Sipa/Pixabay

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A maior águia do mundo voltou a protagonizar um capítulo histórico no Pantanal. Em julho de 2025, uma expedição de ecoturismo confirmou a existência de um ninho ativo de harpia (Harpia harpyja) no Maciço do Urucum, em Corumbá (MS) — um feito inédito para a região e considerado um avanço decisivo para a conservação da espécie, rara e vulnerável no bioma.

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Também conhecida como gavião-real, a harpia é um dos maiores símbolos da fauna brasileira e um indicador direto da saúde ambiental. A confirmação de sua reprodução ativa no Pantanal, onde os registros sempre foram escassos, reforça a importância das áreas florestais preservadas em meio ao mosaico pantaneiro.

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Harpia: força, imponência e raridade

Considerada a mais poderosa ave de rapina do planeta, a harpia impressiona pelo porte e pela força. Pode medir até 1,15 metro de comprimento e alcançar cerca de 2,5 metros de envergadura. As fêmeas, maiores que os machos, chegam a 9 a 10 quilos, enquanto eles pesam entre 4 e 4,8 quilos.

A aparência inconfundível inclui uma crista de penas na cabeça, que lembra uma coroa e deu origem ao nome popular. Predadora de topo da cadeia alimentar, a harpia é capaz de capturar presas maiores do que ela própria, como macacos e preguiças, desempenhando papel fundamental no equilíbrio do ecossistema.

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No Brasil, a espécie é classificada como vulnerável à extinção. Mantém populações mais expressivas na Amazônia, enquanto na Mata Atlântica restam apenas registros pontuais. No Mato Grosso do Sul, sua presença sempre foi considerada excepcional, com avistamentos isolados em municípios como Bonito, Bodoquena, Aquidauana e, agora, Corumbá.

Um achado histórico no Maciço do Urucum

A descoberta do ninho ativo ocorreu na área da Paisagem Modelo Pantanal e foi realizada pela empresa Icterus, em parceria com a Sauá Consultoria, o Projeto Harpia Brasil e o Planeta Aves, com apoio de fazendas locais que autorizaram o acesso às áreas de busca.

O achado acontece 13 anos após o primeiro registro da espécie no Maciço do Urucum, feito em 2012. Em abril de 2025, a bióloga Yasmin Aguero já havia confirmado a presença de um casal na região, levantando a suspeita da existência de um ninho.

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'Depois de anos de buscas, monitoramentos e incontáveis horas de campo, vivemos um dos momentos mais emocionantes da nossa trajetória: localizamos o ninho de um casal de harpias no Maciço do Urucum. Esse achado histórico confirma não só a presença da maior águia das Américas na região, mas também sua reprodução ativa em Corumbá', divulgou a Icterus nas redes sociais.

Sinal de alerta — e de esperança

A presença da harpia no Pantanal é vista por especialistas como um termômetro ambiental. A espécie tem baixa taxa reprodutiva, com apenas um filhote a cada três anos, o que a torna extremamente sensível à perda de habitat, ao desmatamento e às atividades humanas.

O desafio é ainda maior no Maciço do Urucum, área que convive com a exploração de minério de ferro. Desde a confirmação do casal reprodutor, pesquisadores, proprietários rurais e organizações ambientais passaram a intensificar esforços de proteção.

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O Projeto Harpia Brasil, coordenado pela pesquisadora Tânia Sanaiotti, tem papel central no mapeamento e monitoramento da espécie, atuando para garantir que o território continue oferecendo condições para a sobrevivência da maior águia do mundo.

Mais do que uma raridade biológica, a harpia simboliza a resistência da vida selvagem. O ninho recém-descoberto no coração do Pantanal representa não apenas um feito científico, mas também um chamado urgente à conservação de um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta.

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