Cotidiano
A cidade de Sério (RS) transformou a pitaya em símbolo de riqueza e inovação, produzindo 90 toneladas por ano e atraindo turistas de todo o Brasil
Hoje, Sério é oficialmente a 'Terra da Pitaya', título conquistado em 2021 e sustentado por uma economia milionária e uma festa que atrai 30 mil visitantes / Freepik
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No coração do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, a pequena cidade de Sério, com menos de dois mil habitantes, protagoniza uma das histórias mais surpreendentes da agricultura brasileira recente. Conhecida até poucos anos atrás pela produção de leite e aves, o município transformou uma fruta exótica em símbolo de identidade, prosperidade e inovação. Hoje, Sério é oficialmente a 'Terra da Pitaya', título conquistado em 2021 e sustentado por uma economia milionária e uma festa que atrai 30 mil visitantes — quinze vezes a população local.
A guinada começou em 2017, quando a administração municipal decidiu incentivar o cultivo da pitaya como uma alternativa de renda para pequenos produtores. Sete famílias abraçaram o desafio e iniciaram o plantio em terras onde antes predominavam lavouras tradicionais. O resultado superou expectativas.
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Com o sucesso das primeiras safras, a cultura se espalhou, e o que parecia uma experiência rural se tornou um projeto de desenvolvimento regional estruturado. Em 2021, uma lei municipal consolidou oficialmente Sério como a “Terra da Pitaya”, fortalecendo sua marca e abrindo portas para novos investimentos e parcerias.
'Foi um movimento de união entre agricultores, poder público e a comunidade. A pitaya não é só uma fruta — virou parte da nossa identidade', relatou um dos produtores locais ao portal Grupo A Hora.
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Hoje, cerca de 10 produtores cultivam mais de 10 mil pés de pitaya em uma área de 6 hectares. A produção anual gira em torno de 90 toneladas, movimentando aproximadamente R$ 900 mil apenas com a fruta in natura. Mas o verdadeiro diferencial de Sério foi não parar na colheita.
A cidade apostou em inovação industrial e criou um ecossistema de produtos derivados. Em parceria com o Instituto Tecnológico em Alimentos para Saúde (itt Nutrifor) da Unisinos, nasceu o primeiro refrigerante de pitaya do Brasil — um feito que colocou Sério no mapa da inovação alimentar.
Além do refrigerante, vinhos, espumantes, chopes, geleias e pães artesanais feitos com a fruta passaram a ser produzidos por agroindústrias locais, garantindo que boa parte do lucro permaneça na economia do município.
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O ponto alto dessa transformação é a Feira da Pitaya, evento que sintetiza o sucesso do projeto. Realizada anualmente, a feira combina exposições agrícolas, shows nacionais e atrações turísticas, movimentando o comércio e divulgando a marca da cidade.
Segundo o portal Vale Mais RS, a edição de 2024 reuniu mais de 30 mil visitantes, número que representa uma explosão turística e econômica para o pequeno município. Durante o evento, além da venda de produtos e da gastronomia temática, ocorrem rodadas de negócios e lançamentos de novos produtos, consolidando a pitaya como protagonista do desenvolvimento local.
'A Feira da Pitaya é mais do que uma festa — é o reflexo de um modelo que deu certo. A cidade inteira vibra junto', afirmou um organizador do evento.
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O caso de Sério é exemplo de planejamento estratégico e economia criativa aplicada ao campo. Ao unir agricultura, inovação e turismo, o município provou que mesmo pequenas cidades podem se tornar referências nacionais ao explorar com inteligência seus potenciais locais.
De uma aposta agrícola a um modelo de desenvolvimento regional, Sério colhe hoje os frutos — literalmente — de um projeto que transformou a pitaya em símbolo de orgulho e prosperidade.
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