Mesmo em idade extremamente avançada, o animal mantém comportamento territorial e segue fértil, tendo produzido ao longo da vida mais de 10 mil filhotes / crocworld/Reprodução
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Ao longo de mais de um século, um crocodilo-do-nilo chamado Henry tornou-se um verdadeiro símbolo de longevidade animal. Estimado em cerca de 124 anos em 2025, ele vive no Crocworld Conservation Centre, na África do Sul, e é considerado o crocodilo mais velho do mundo mantido em cativeiro.
Com aproximadamente cinco metros de comprimento e peso próximo de uma tonelada, Henry impressiona não apenas pelo tamanho, mas também pela vitalidade.
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Mesmo em idade extremamente avançada, o animal mantém comportamento territorial e segue fértil, tendo produzido ao longo da vida mais de 10 mil filhotes — um feito raro entre répteis dessa idade.
O título de crocodilo mais velho em cativeiro se deve ao fato de Henry possuir registros contínuos em coleções zoológicas desde o início do século 20, algo incomum para animais silvestres. Sua idade é estimada a partir de relatos históricos, do crescimento corporal e da comparação com outros indivíduos da espécie Crocodylus niloticus espalhados pelo continente africano.
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Em condições controladas, crocodilos-do-nilo costumam viver entre 60 e 70 anos, graças à alimentação regular e aos cuidados veterinários. Ultrapassar a marca dos 100 anos, no entanto, é considerado excepcional, colocando Henry entre os casos mais extremos de longevidade já documentados em répteis.
O caso de Henry é frequentemente citado em estudos sobre senescência negligenciável, um conceito que descreve espécies nas quais os sinais clássicos de envelhecimento aparecem de forma muito mais lenta do que em humanos. Mesmo idosos, esses animais continuam se reproduzindo e defendendo território de forma eficaz.
Pesquisas indicam que crocodilos possuem um sistema imunológico extremamente robusto, com grande quantidade de peptídeos antimicrobianos capazes de combater bactérias, fungos, vírus e até, potencialmente, células tumorais.
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Ainda assim, especialistas ressaltam que envelhecer lentamente não significa ausência de desgaste, mas sim um processo diferente do observado em mamíferos.
Na natureza, a morte de crocodilos-do-nilo idosos raramente está ligada apenas à idade avançada. Fatores externos são os principais responsáveis, como fome causada por secas prolongadas, ferimentos graves em disputas territoriais, doenças oportunistas e interações com humanos, incluindo caça ilegal e perda de habitat.
Em cativeiro, muitos desses riscos são reduzidos, o que ajuda a explicar por que indivíduos como Henry conseguem atingir idades extremas.
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Crocodilos muito velhos despertam grande interesse na imunologia comparada e na biologia do envelhecimento. Cientistas investigam moléculas presentes no sangue desses animais em busca de novos compostos antimicrobianos, com potencial aplicação contra bactérias resistentes a antibióticos.
Outros estudos analisam a fertilidade tardia para entender mecanismos de reparo do DNA, controle da inflamação e renovação de tecidos — processos que podem ajudar a explicar por que algumas espécies envelhecem tão lentamente.
Além do valor científico, Henry também cumpre um papel importante na educação ambiental e na conservação da espécie. Animais emblemáticos ajudam a aproximar o público dos desafios enfrentados pelos crocodilos, como conflitos com humanos e a degradação de ambientes aquáticos.
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O acompanhamento de Henry inclui a coleta de dados sobre idade, tamanho e condição corporal, análises de sangue, observação de seu comportamento reprodutivo e comparações com outras espécies de répteis e mamíferos.
Assim, o crocodilo centenário segue contribuindo para a ciência — e mostrando que a natureza ainda guarda segredos surpreendentes sobre o envelhecimento.