Presidente da Codesp, Alex Oliva, destacou a importância do estudo para mitigar o impacto das ressacas que atingem, principalmente, a Ponta da Praia / Rodrigo Montaldi/DL
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Em sessão solene realizada no auditório do edifício-sede, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) entregou, nesta quinta-feira (9), à comunidade da Baixada Santista o estudo hidráulico conceitual para proposição de uma solução de engenharia para proteção e defesa da praia e da infraestrutura urbana lindeira ao canal do Estuário, na orla do bairro da Ponta da Praia. O ato reuniu o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, e diversas autoridades.
Esse trabalho integra o estudo global mais abrangente, contratado pela Autoridade Portuária junto à Universidade de São Paulo (USP). A iniciativa é fruto da parceria que se estabeleceu entre a Autoridade Portuária e a Prefeitura de Santos na busca de benefícios às comunidades portuária e urbana, bem como ao meio ambiente.
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O diretor-presidente da Codesp, José Alex de Oliva, abriu o ato destacando a importância do estudo que a empresa oferece para mitigar os efeitos do impacto provocado pelas ressacas que atingem principalmente o trecho da Ponta da Praia. O presidente lembrou o surgimento da parceria entre a administração municipal e a direção da Codesp, desde o ano passado até a adequação do contrato que a empresa mantém com a universidade para, em resposta aos anseios da comunidade, promover os estudos que hoje apresentam o primeiro relatório.
O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, frisou que, para avançarmos nesse desafio, é de extrema importância a realização desse estudo e das próximas etapas. “Vamos manter e intensificar nossa parceria para a execução das intervenções que forem definidas”, comentou.
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O evento contou também com a presença da vice-diretora da Escola Politécnica da USP, Liedi Légi Bernucci, que manifestou a importância que esse trabalho tem para a Universidade, frisando a parceria duradoura com a Autoridade Portuária e a colaboração com a cidade de Santos, além da confiança da Codesp no trabalho desenvolvido com o apoio do presidente Oliva.
O estudo, apresentado pelo professor José Carlos de Melo Bernardino, do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da Escola Politécnica da USP, visa minimizar os transtornos provocados pelos eventos extremos naquela área, levando em consideração os aspectos hidrossedimentológicos (onda, correntes, movimentação sedimentar e renovação da água). Somente em 2016 foram registrados três eventos de grande magnitude.
Segundo o Professor da Escola Politécnica da USP, Paolo Alfredini, em recente estudo, desenvolvido a pedido do Ministério Público, verifica-se uma “elevação do nível médio do mar em torno a 36 cm, de 1990 até 2050, e de 100 cm, de 1990 até 2100. Estima-se que de 1950 até os dias atuais a elevação tenha sido de 23 centímetros”. Com isso, explica o professor, a energia da onda unitária da década de 1950, que era descarregada em lâmina d’água de 1,25 metros, passou a ter no mesmo ponto uma lâmina d’água de 1,48 metros, correspondendo a um aumento de energia da onda que arrebenta ali de 40,18%.
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No estudo desenvolvido pela Fundação Centro Tecnológica de Hidráulica (FCTH/USP) foi utilizado o software Delft3D, concebido para a modelagem numérica dos processos hidrodinâmicos e sedimentares de regiões costeiras. Esse programa, conduzido pelo Instituto de Pesquisa Delft-Holanda, é largamente utilizado pelos mais avançados laboratórios de pesquisas afins em vários países, como Holanda, Estados Unidos, Hong Kong, Singapura, Austrália e Itália, entre outros.
A partir desse modelo matemático foram construídas as características da orla de Santos para simulações em termos de velocidade de corrente, formação de ondas, transporte de sedimentos e perfis praiais. O modelo foi calibrado para o período entre os meses de abril e maio de 2016, devido à ocorrência da maior maré meteorológica já registrada para a região de Santos (abril) e ondas associadas a este evento que chegaram a atingir 4 metros, caracterizando um período propicio para a avaliação das intervenções de engenharia propostas.
USP elenca duas opções de obras de proteção
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A USP elencou no estudo duas opções de obras de proteção: espigões (obras perpendiculares à costa, como o Emissário Submarino no José Menino) ou quebra-mares (obras paralelas à linha da costa).
Pelos resultados do modelo matemático, validados por experimentações locais que definiram o transporte de sedimentos preferencial, para a região da Ponta da Praia (transversal à linha da costa) foi adotada a alternativa de quebra-mares, que apresenta maior eficiência na proteção da área de interesse contra a ação das ondas. Esse tipo de obra, que pode ser de estrutura contínua ou segmentada, possui aberturas que possibilitam a renovação de água, para que não haja degradação de sua qualidade, podendo ser emersas ou submersas.
Os arranjos mencionados, nas duas formas construtivas, foram avaliadas de forma a proporcionar os melhores resultados em termos de redução de altura significativa das ondas (o que significa redução da sua energia), formação de correntes, e renovação das águas na sua porção interna e o engordamento da praia naquela região.
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Após a entrega do projeto, caberá a Prefeitura de Santos dar seguimento às demais ações necessárias a efetiva implantação. A Codesp continuará a prestar auxílio, dentro de suas possibilidades.