Cotidiano

Cinco em cada seis vítimas são meninas: caso Hytalo Santos reforça urgência da denúncia

O caso expõe não apenas os riscos da exploração de menores nas redes sociais, mas também a necessidade de fortalecer a rede de proteção e ampliar o diálogo sobre educação sexual

Ana Clara Durazzo

Publicado em 15/08/2025 às 11:45

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De acordo com levantamento recente, a maioria das vítimas de estupro de vulnerável no Brasil é formada por meninas / Freepik

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A prisão do influenciador digital Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por exploração e exposição sexual de menores nas redes sociais, reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade de crianças e adolescentes frente a abusos e violações de direitos.

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O caso ganhou repercussão nacional após denúncias feitas pelo youtuber Felca, que apontou a “adultização” de crianças em conteúdos ligados ao influenciador. A investigação resultou na prisão de Hytalo e do marido, Israel Nata Vicente, em São Paulo.

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Dados revelam perfil das vítimas

De acordo com levantamento recente, a maioria das vítimas de estupro de vulnerável no Brasil é formada por meninas: cinco em cada seis casos envolvem vítimas do sexo feminino. O recorte mais atingido está na faixa entre 10 e 13 anos, que representa 42,1% dos registros.

Homens e meninos também são vítimas, embora em menor proporção: eles respondem por 7,5% dos casos de estupro no geral e 13,8% entre os de vulnerável. Especialistas, no entanto, alertam que a subnotificação nesse grupo pode ser alta, em razão de barreiras culturais, estigmas e do medo de denunciar.

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Vale lembrar que o Brasil atingiu, em 2024, o maior número de casos de estupro e estupro de vulnerável desde o início da série histórica monitorada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), iniciada em 2011.

Violência dentro de casa

Outro dado preocupante é que 59,5% dos casos de violência sexual contra menores são cometidos por familiares, o que explica por que o ambiente doméstico é, muitas vezes, o espaço escolhido para a prática do crime. A proximidade com o agressor gera medo, vergonha e até mesmo a incapacidade de identificar a situação como violência, o que reforça a cultura de silenciamento.

“É urgente dar visibilidade ao fato de que, muitas vezes, o perigo não está nas ruas, mas dentro de casa”, alerta Eva Dengler, superintendente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil.

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A importância da prevenção e da denúncia

Para especialistas, o caso Hytalo Santos expõe não apenas os riscos da exploração de menores nas redes sociais, mas também a necessidade de fortalecer a rede de proteção e ampliar o diálogo sobre educação sexual.

Segundo Eva Dengler, a autoproteção deve ser trabalhada desde cedo:

“É importante falar sobre autoproteção com meninas e meninos para que saibam diferenciar o que é normal e o que é violência em interações com adultos. A educação sexual, apesar de ser tabu, é uma ferramenta essencial para a prevenção e para fortalecer a cultura da denúncia.”

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Além disso, pais, cuidadores e educadores devem estar atentos a mudanças repentinas de comportamento nas crianças, como desinteresse em atividades cotidianas ou reações negativas diante de determinados adultos — sinais que podem indicar abuso.

Da internet ao lar

Embora os dados mostrem que o ambiente doméstico concentra a maior parte dos casos, a prisão de Hytalo Santos revela que a internet também se tornou um espaço de risco, sobretudo quando usada para expor ou explorar menores de idade.

O episódio ressalta a necessidade de monitoramento mais rígido de conteúdos online e de ações conjuntas entre família, sociedade e autoridades para proteger crianças e adolescentes.

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