Cotidiano
O caso expõe não apenas os riscos da exploração de menores nas redes sociais, mas também a necessidade de fortalecer a rede de proteção e ampliar o diálogo sobre educação sexual
De acordo com levantamento recente, a maioria das vítimas de estupro de vulnerável no Brasil é formada por meninas / Freepik
Continua depois da publicidade
A prisão do influenciador digital Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por exploração e exposição sexual de menores nas redes sociais, reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade de crianças e adolescentes frente a abusos e violações de direitos.
O caso ganhou repercussão nacional após denúncias feitas pelo youtuber Felca, que apontou a “adultização” de crianças em conteúdos ligados ao influenciador. A investigação resultou na prisão de Hytalo e do marido, Israel Nata Vicente, em São Paulo.
Continua depois da publicidade
De acordo com levantamento recente, a maioria das vítimas de estupro de vulnerável no Brasil é formada por meninas: cinco em cada seis casos envolvem vítimas do sexo feminino. O recorte mais atingido está na faixa entre 10 e 13 anos, que representa 42,1% dos registros.
Homens e meninos também são vítimas, embora em menor proporção: eles respondem por 7,5% dos casos de estupro no geral e 13,8% entre os de vulnerável. Especialistas, no entanto, alertam que a subnotificação nesse grupo pode ser alta, em razão de barreiras culturais, estigmas e do medo de denunciar.
Continua depois da publicidade
Outro dado preocupante é que 59,5% dos casos de violência sexual contra menores são cometidos por familiares, o que explica por que o ambiente doméstico é, muitas vezes, o espaço escolhido para a prática do crime. A proximidade com o agressor gera medo, vergonha e até mesmo a incapacidade de identificar a situação como violência, o que reforça a cultura de silenciamento.
“É urgente dar visibilidade ao fato de que, muitas vezes, o perigo não está nas ruas, mas dentro de casa”, alerta Eva Dengler, superintendente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil.
Continua depois da publicidade
Para especialistas, o caso Hytalo Santos expõe não apenas os riscos da exploração de menores nas redes sociais, mas também a necessidade de fortalecer a rede de proteção e ampliar o diálogo sobre educação sexual.
Segundo Eva Dengler, a autoproteção deve ser trabalhada desde cedo:
“É importante falar sobre autoproteção com meninas e meninos para que saibam diferenciar o que é normal e o que é violência em interações com adultos. A educação sexual, apesar de ser tabu, é uma ferramenta essencial para a prevenção e para fortalecer a cultura da denúncia.”
Continua depois da publicidade
Além disso, pais, cuidadores e educadores devem estar atentos a mudanças repentinas de comportamento nas crianças, como desinteresse em atividades cotidianas ou reações negativas diante de determinados adultos — sinais que podem indicar abuso.
Embora os dados mostrem que o ambiente doméstico concentra a maior parte dos casos, a prisão de Hytalo Santos revela que a internet também se tornou um espaço de risco, sobretudo quando usada para expor ou explorar menores de idade.
O episódio ressalta a necessidade de monitoramento mais rígido de conteúdos online e de ações conjuntas entre família, sociedade e autoridades para proteger crianças e adolescentes.
Continua depois da publicidade