Com apenas 4,5 milímetros de diâmetro, ela é a prova viva de que a natureza ainda guarda segredos que a ciência apenas começa a decifrar / Reprodução
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Para os seres humanos, a imortalidade parece um tema reservado à ficção científica, algo distante, restrito a filmes e livros. No entanto, nas profundezas do oceano, existe uma criatura que desafia as leis naturais do envelhecimento: a Turritopsis dohrnii, conhecida como a 'água-viva imortal'.
Com apenas 4,5 milímetros de diâmetro, ela é a prova viva de que a natureza ainda guarda segredos que a ciência apenas começa a decifrar.
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O mundo marinho abriga espécies que parecem sobreviver por séculos — como o tubarão-da-Groenlândia, que pode viver até 500 anos, e certas esponjas-do-mar, que atingem milhares de anos. Mas entre todos, a pequena Turritopsis dohrnii se destaca por algo ainda mais impressionante: ela pode rejuvenescer indefinidamente.
Quando sofre ferimentos, passa fome ou enfrenta mudanças bruscas de temperatura, a água-viva ativa um processo biológico único que lhe permite voltar ao seu estágio jovem — literalmente reiniciando seu ciclo de vida.
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O fenômeno é chamado de transdiferenciação celular — um mecanismo extremamente raro na natureza.
Quando ameaçada, a água-viva encolhe, absorve seus tentáculos, perde a capacidade de nadar e se transforma em uma pequena massa gelatinosa. Em apenas 24 a 36 horas, essa massa se desenvolve novamente em um pólipo, sua forma juvenil.
A partir desse estágio, ela pode gerar novas medusas, recomeçando o ciclo inúmeras vezes. Em laboratório, cientistas já observaram casos de dez rejuvenescimentos em apenas dois anos.
'É como se um ser humano, diante de uma doença grave, pudesse reverter para a adolescência e recomeçar a vida', comparou um pesquisador do Instituto de Biologia Marinha de Nápoles, em um estudo sobre o tema.
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Os ancestrais dessa espécie surgiram há mais de 66 milhões de anos, antes mesmo da extinção dos dinossauros.
Apesar disso, a Turritopsis dohrnii foi descrita pela primeira vez apenas em 1883, e sua incrível capacidade de 'enganar a morte' só foi reconhecida na década de 1980.
Desde então, ela se tornou um dos maiores mistérios da biologia moderna e uma das chaves para compreender o envelhecimento celular.
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Apesar do apelido, a água-viva imortal não é completamente eterna. Ela pode ser morta por predadores, doenças ou danos físicos.
Ainda assim, seu ciclo de regeneração ilimitado a torna um modelo fascinante para a ciência, especialmente nas áreas de biomedicina e genética.
Pesquisadores acreditam que, ao compreender os genes responsáveis pela transdiferenciação, será possível avançar em tratamentos de regeneração de tecidos, cicatrização e retardamento do envelhecimento em mamíferos, inclusive nos humanos.
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Embora ainda distante da realidade humana, a existência da Turritopsis dohrnii levanta uma questão profunda:
se uma simples água-viva já domina a arte de rejuvenescer, até onde a ciência poderá chegar no combate ao envelhecimento?
Enquanto a resposta não vem, o pequeno ser continua seu ciclo silencioso nas profundezas do oceano, lembrando-nos de que a natureza, mais do que qualquer laboratório, ainda é a maior inventora da imortalidade.