Cidade do litoral ganha maior centro de atendimento a pessoas com TEA da América Latina

A cidade de Praia Grande abriga o maior centro da América Latina voltado ao atendimento de adolescentes, jovens e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outros transtornos do neurodesenvolvimento.

Inaugurada em agosto de 2025, a Casa Matheus Alvares representa um avanço significativo na oferta de cuidados contínuos para uma parcela da população historicamente negligenciada pelo sistema de saúde após a infância.

A novidade é que a partir deste mês, a casa amplia ainda mais o modelo de atendimento integrado ao incorporar as especialidades de neuropediatria, psiquiatria, pediatria e odontologia.

Com todos os serviços concentrados em um único local, os pacientes terão acesso facilitado a terapias, consultas e avaliações, reduzindo deslocamentos e simplificando a rotina das famílias. Essa centralização promove uma atuação interdisciplinar mais eficiente, com profissionais de diferentes áreas atuando de forma coordenada e alinhada às necessidades individuais.

Aproveite o tema e leia também: CNH acessível: projeto prevê acompanhante em exames para pessoas com TEA e Down

Além disso, será inaugurado um salão de cabeleireiro inclusivo, especialmente preparado para receber crianças, jovens e adultos neurodivergentes.

O espaço contará com profissionais capacitados para o manejo adequado, oferecendo um ambiente acolhedor e adaptado às demandas sensoriais desses pacientes, ampliando os serviços integrados que promovem a inclusão e o bem-estar.

Com uma área de mais de 3 mil metros quadrados, capacidade para até 300 pacientes atendidos simultaneamente por semana e localização estratégica na Avenida Marechal Mallet, nº 1937, a mais nova unidade foi projetada para se tornar referência nacional e internacional.

O Grupo Matheus Alvares já conta com 20 unidades espalhadas pelo país, consolidando-se como a maior estrutura de atendimento especializado para pessoas com TEA e transtornos do neurodesenvolvimento no Brasil.

O projeto nasceu da experiência pessoal dos fundadores Alessandro (ex-jogador de futebol, com passagens por clubes como São Paulo FC, Frankfurt e Waldhof Mannheim) e sua esposa Mariana Alvares, após o diagnóstico do filho Matheus com a Síndrome de Pierre Robin, associada também à Disgenesia do corpo caloso.

Durante a procura por tratamentos de qualidade e humanizados para Matheus, o casal se deparou com o sonho de construir um centro de tratamento interdisciplinar de alto nível, para que, não só o próprio filho, mas que todos tenham acesso aos melhores tratamentos possíveis.

Modelo clínico baseado em evidências

A instituição opera sob um modelo clínico centrado no paciente e orientado por planos terapêuticos individualizados, desenvolvidos a partir de diagnósticos completos e acompanhamento contínuo.

Todos os tratamentos são baseados na Ciência ABA (Applied Behavior Analysis), popularmente conhecida como Terapia ABA, considerada o Padrão Ouro nas intervenções com pessoas com autismo e outros transtornos do neurodesenvolvimento.

A equipe é formada por profissionais especializados em psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicomotricidade, nutrição, psiquiatria, neuropediatria, pediatria e odontologia, garantindo uma abordagem realmente interdisciplinar e integrada, que considera todos os aspectos do desenvolvimento cognitivo, emocional, físico e social.

Além das terapias individuais, o centro oferece intervenções em grupo voltadas ao desenvolvimento de habilidades sociais, comportamento adaptativo, convivência e socialização. O objetivo final de cada protocolo é promover autonomia funcional, preparar o paciente para os desafios da vida adulta e proporcionar inclusão real no cotidiano.

Infraestrutura da Casa Matheus Alvares

Mais do que um centro terapêutico, a Casa Matheus Alvares funciona como um ecossistema de reabilitação, no qual cada ambiente foi desenhado com um propósito clínico e funcional.

O espaço foi concebido para estimular, acolher e desafiar os pacientes em contextos semelhantes aos que encontrarão fora da clínica — uma forma de tornar o aprendizado terapêutico mais eficaz e aplicável no mundo real.

Um dos diferenciais da estrutura é a réplica fiel de um apartamento residencial, equipada para simular as demandas cotidianas e ensinar atividades essenciais para a autonomia, como arrumar a cama, organizar o quarto, preparar a sala e realizar tarefas domésticas básicas.

Esse espaço permite que os pacientes desenvolvam habilidades práticas em um ambiente seguro e controlado, facilitando a transferência desses aprendizados para o dia a dia fora da clínica.

Entre os espaços terapêuticos e ambientes de intervenção, destacam-se:

Sala de descompressão multissensorial, que auxilia na autorregulação emocional e relaxamento;

Sala teen, equipada com jogos e recursos tecnológicos, pensada para engajar adolescentes;

Cozinha funcional, onde os pacientes desenvolvem habilidades práticas de autonomia alimentar e doméstica;

Sala de cinema, dedicada a promover o convívio social e estimular as habilidades cognitivas por meio de atividades audiovisuais;

Sala de música, que oferece espaço para o desenvolvimento da expressão corporal, controle emocional e autoestima através da prática musical;

Ateliê de arte e artesanato, que incentivam a expressão criativa e coordenação motora fina;

Ginásio de psicomotricidade e espaços para atividades físicas focadas no desenvolvimento corporal;

Estúdios de dança e artes marciais, voltados para o controle emocional, autoestima e expressão corporal;

Laboratório de informática e espaço maker (Tech Lab), que estimulam o raciocínio lógico, criatividade e concentração;

Café terapêutico “Cheirinho de Casa”, ambiente de convivência que simula situações sociais e profissionais reais;

Salas específicas para atendimento psicológico, pedagógico e médico especializado.

Expansão e impacto social

Com a inauguração da unidade em Praia Grande, o Grupo Matheus Alvares chega à sua 20ª instalação. O crescimento acompanha dados alarmantes sobre a prevalência do autismo: segundo o CDC, nos Estados Unidos, 1 a cada 31 crianças está no espectro autista.

Aplicando essa proporção ao Brasil, estima-se que 6,9 milhões de pessoas vivam com TEA no país — muitas delas sem acesso ao diagnóstico precoce ou a uma rede de apoio estruturada.

Para Alessandro Alvares, a iniciativa vai além da clínica: trata-se de um projeto de vida. “Mais do que tratar, queremos preparar para a vida”, afirma o fundador.

O compromisso da instituição é com a habilitação, o desenvolvimento pleno e a inclusão social de jovens e adultos neurodivergentes, construindo pontes para uma existência mais autônoma e digna”, explica.