Cotidiano
Especialistas apontam que o alagamento é resultado de um desequilíbrio entre a quantidade de água que chega e a capacidade da cidade de absorvê-la ou escoá-la com eficiência
O alagamento causou transtornos aos moradores da região / Leandro Fonseca/Leitor DL
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Na madrugada desta quarta-feira (6), o litoral de São Paulo foi atingido por uma forte tempestade, que ocasionou diversos pontos de alagamento nas cidades. Comuns em cidades brasileiras durante o verão e cada vez mais frequentes ao longo do ano, os alagamentos em vias urbanas são resultado de uma combinação de fatores estruturais e ambientais. Embora muita gente associe os transtornos apenas à intensidade da chuva, a verdade é que a forma como as cidades são planejadas (ou não) tem papel central nesse tipo de ocorrência.
Especialistas apontam que o alagamento é resultado de um desequilíbrio entre a quantidade de água que chega e a capacidade da cidade de absorvê-la ou escoá-la com eficiência.Confira os principais fatores que contribuem para o problema:
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Chuvas fortes e concentradas em um curto período de tempo são cada vez mais comuns, e podem sobrecarregar os sistemas de drenagem urbana, que muitas vezes não estão preparados para receber tanta água de uma só vez.
O avanço da urbanização, com asfalto, concreto e construções ocupando praticamente todo o espaço urbano, reduz drasticamente a capacidade do solo de absorver a água da chuva. Sem infiltrar, a água escoa superficialmente, correndo para as ruas, o que eleva o risco de alagamentos.
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Áreas de várzea, como margens de rios e terrenos naturalmente alagadiços, têm função ecológica essencial para absorver o excesso de água. No entanto, a ocupação irregular desses espaços com moradias e comércios agrava a vulnerabilidade e torna regiões inteiras propensas a enchentes.
Grande parte das cidades brasileiras possui infraestruturas de drenagem antigas, subdimensionadas ou mal conservadas. Sem manutenção frequente, bueiros, galerias pluviais e canais podem ficar entupidos, perdendo a capacidade de escoar a água corretamente.
O descarte inadequado de lixo nas ruas e calçadas contribui diretamente para o entupimento dos sistemas de drenagem. Resíduos plásticos, folhas e detritos impedem a passagem da água pelos bueiros, criando verdadeiras barreiras e acelerando os alagamentos.
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O cenário se agrava com as mudanças climáticas, que vêm provocando chuvas mais frequentes, intensas e imprevisíveis. A elevação das temperaturas aumenta a evaporação e gera mais umidade na atmosfera, criando as condições ideais para tempestades mais severas.
Para reduzir os impactos dos alagamentos, especialistas defendem medidas como:
Planejamento urbano mais sustentável, com áreas verdes e preservação de várzeas;
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Investimentos em infraestrutura de drenagem, com ampliação e modernização das redes;
Campanhas de conscientização sobre descarte correto de lixo;
Uso de soluções baseadas na natureza, como jardins de chuva e pavimentos permeáveis;
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E políticas de adaptação climática, para preparar as cidades para eventos extremos.
Enquanto isso, a população continua a conviver com os transtornos das chuvas, que transformam ruas em rios e evidenciam a urgência de repensar o modelo urbano das cidades brasileiras.