Cotidiano

Cervejas podem ser adulteradas? O golpe que pode estar chegando ao seu bar

Operação em Ferraz de Vasconcelos, São Paulo, apreendeu quase mil caixas de cerveja adulterada e revelou como o golpe funciona

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 17/10/2025 às 16:00

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Esquema envolve reutilização de garrafas e tampas originais, substituição do líquido por cerveja de qualidade inferior e nova vedação / Pexels

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A falsificação de cervejas, antes vista como algo improvável, é uma realidade crescente no Brasil. A confirmação veio após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciar 20 pessoas envolvidas em um esquema de adulteração de garrafas de marcas famosas, como Heineken, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.

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O grupo foi preso no fim de setembro, durante uma ação da Polícia Civil que apreendeu 980 caixas de cervejas, além de rótulos, tampinhas e garrafas de marcas premium.

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O esquema envolvia reutilização de garrafas e tampas originais, substituição do líquido por cerveja de qualidade inferior e nova vedação, o que dava ao produto aparência de originalidade.

Os 20 denunciados — 11 homens e 9 mulheres — tiveram as prisões preventivas decretadas e vão responder por associação criminosa e falsificação de produto destinado ao consumo.

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Segundo o promotor Felipe Ribeiro Santa Fé, a operação revelou “a estabilidade e permanência da associação criminosa” e o risco de novas ações semelhantes.

Como funciona a falsificação de cerveja

O golpe é simples e difícil de detectar: criminosos reutilizam garrafas originais, limpam e reenchem com bebidas de qualidade inferior, colam rótulos falsos e revendem o produto em bares e depósitos informais.

Dessa forma, o consumidor paga o preço de uma cerveja premium, mas consome uma bebida sem controle sanitário e, em muitos casos, de procedência desconhecida.

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“Os criminosos sabem que cerveja é um produto de alto giro e baixo controle unitário. Quando usam garrafas autênticas, a chance de descoberta é mínima”, explica um especialista em fraudes de bebidas.

O caso em Ferraz de Vasconcelos

A operação ocorreu no dia 23 de setembro, em um galpão na Avenida do Paiol, em Ferraz de Vasconcelos. Além das bebidas, a polícia apreendeu veículos usados na distribuição — um micro-ônibus, uma Kombi, uma caminhonete e um carro.

As investigações apontam que as cervejas adulteradas eram roubadas em Mauá e Ribeirão Pires e redistribuídas em Santo André. A manipulação era feita sem qualquer controle de higiene, o que aumenta o risco de contaminação por bactérias e fungos.

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Embora o MP tenha pedido exames para detectar metanol nas bebidas apreendidas, não há indícios de contaminação química em cervejas, apenas em destilados como gin e vodka, ligados à recente onda de intoxicações por metanol no estado.

Crescimento da fraude no mercado

De acordo com a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (FHOREDESP), 36% das bebidas comercializadas no país são falsificadas, adulteradas ou contrabandeadas.

Se antes as fraudes se concentravam em vinhos e destilados, agora atingem também cervejas premium como Heineken, Budweiser e Stella Artois, impulsionadas pela alta demanda e pelo valor agregado das marcas.

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Como evitar cair no golpe

As autoridades recomendam atenção redobrada, especialmente em compras por aplicativos, mercados paralelos e bares pequenos.
Veja como se proteger:

  • Compre apenas em locais de confiança, como supermercados e revendas oficiais.
  • Desconfie de preços muito baixos.
  • Observe o rótulo e o lacre: produtos falsificados podem ter falhas de impressão ou colagem torta.
  • Prefira latinhas, que são mais difíceis de falsificar.
  • Em bares, exija que a garrafa seja aberta na sua frente.

A denúncia do MP-SP e a apreensão em Ferraz de Vasconcelos comprovam que, sim, é possível falsificar cerveja — e isso já está acontecendo no Brasil.

Mesmo sem registro de contaminação por metanol, o risco sanitário e o golpe ao consumidor mostram que a cerveja do fim de semana pode não ser tão original quanto parece.

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