Esquema envolve reutilização de garrafas e tampas originais, substituição do líquido por cerveja de qualidade inferior e nova vedação / Pexels
Continua depois da publicidade
A falsificação de cervejas, antes vista como algo improvável, é uma realidade crescente no Brasil. A confirmação veio após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciar 20 pessoas envolvidas em um esquema de adulteração de garrafas de marcas famosas, como Heineken, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.
O grupo foi preso no fim de setembro, durante uma ação da Polícia Civil que apreendeu 980 caixas de cervejas, além de rótulos, tampinhas e garrafas de marcas premium.
Continua depois da publicidade
O esquema envolvia reutilização de garrafas e tampas originais, substituição do líquido por cerveja de qualidade inferior e nova vedação, o que dava ao produto aparência de originalidade.
Os 20 denunciados — 11 homens e 9 mulheres — tiveram as prisões preventivas decretadas e vão responder por associação criminosa e falsificação de produto destinado ao consumo.
Continua depois da publicidade
Segundo o promotor Felipe Ribeiro Santa Fé, a operação revelou “a estabilidade e permanência da associação criminosa” e o risco de novas ações semelhantes.
O golpe é simples e difícil de detectar: criminosos reutilizam garrafas originais, limpam e reenchem com bebidas de qualidade inferior, colam rótulos falsos e revendem o produto em bares e depósitos informais.
Dessa forma, o consumidor paga o preço de uma cerveja premium, mas consome uma bebida sem controle sanitário e, em muitos casos, de procedência desconhecida.
Continua depois da publicidade
“Os criminosos sabem que cerveja é um produto de alto giro e baixo controle unitário. Quando usam garrafas autênticas, a chance de descoberta é mínima”, explica um especialista em fraudes de bebidas.
A operação ocorreu no dia 23 de setembro, em um galpão na Avenida do Paiol, em Ferraz de Vasconcelos. Além das bebidas, a polícia apreendeu veículos usados na distribuição — um micro-ônibus, uma Kombi, uma caminhonete e um carro.
As investigações apontam que as cervejas adulteradas eram roubadas em Mauá e Ribeirão Pires e redistribuídas em Santo André. A manipulação era feita sem qualquer controle de higiene, o que aumenta o risco de contaminação por bactérias e fungos.
Continua depois da publicidade
Embora o MP tenha pedido exames para detectar metanol nas bebidas apreendidas, não há indícios de contaminação química em cervejas, apenas em destilados como gin e vodka, ligados à recente onda de intoxicações por metanol no estado.
De acordo com a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (FHOREDESP), 36% das bebidas comercializadas no país são falsificadas, adulteradas ou contrabandeadas.
Se antes as fraudes se concentravam em vinhos e destilados, agora atingem também cervejas premium como Heineken, Budweiser e Stella Artois, impulsionadas pela alta demanda e pelo valor agregado das marcas.
Continua depois da publicidade
As autoridades recomendam atenção redobrada, especialmente em compras por aplicativos, mercados paralelos e bares pequenos.
Veja como se proteger:
A denúncia do MP-SP e a apreensão em Ferraz de Vasconcelos comprovam que, sim, é possível falsificar cerveja — e isso já está acontecendo no Brasil.
Mesmo sem registro de contaminação por metanol, o risco sanitário e o golpe ao consumidor mostram que a cerveja do fim de semana pode não ser tão original quanto parece.
Continua depois da publicidade