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A casal de auxiliar de serviços gerais Ana Paula Costa Puosso e Daniel Rodrigues promete protagonizar uma situação inusitada hoje, às 15 horas, na sessão da Câmara de Vereadores de Guarujá, no Centro da Cidade: raspar a cabeça em protesto à suspensão do benefício de Ana Paula, afastada por doença pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
O protesto começou ontem (23). O casal, acompanhado do filho de sete anos e da mãe de Daniel, permaneceu das 7 às 18 horas na entrada do posto do INSS no Município, localizado na Avenida Adhemar de Barros. Ana Paula e Daniel vão ficar hoje também até as 15 horas, quando irão ao Legislativo para tentar sensibilizar os vereadores. Eles vão voltar ao posto na quarta-feira.
Por volta das 11 horas, Ana Paula — que sofre de uma cardiopatia congênita (doença na qual há anormalidade da estrutura ou função do coração, que está presente no nascimento, mesmo que descoberta muito mais tarde) — disse que sua família sobrevive porque se alimenta de comida vencida que pega no lixo de supermercados.
“Eu tinha uma microempresa que prestava serviços de mão-de-obra na construção civil. Hoje, tenho que apelar para a comida descartada do supermercado. Meu marido não pode trabalhar porque sua mãe, que vive com a gente também, teve um acidente vascular cerebral (AVC) e se locomove em uma cadeira de rodas”, explica Ana Paula, que também sofre problemas psicológicos — depressão, bipolaridade e síndrome de pânico — dependendo de remédios controlados com dosagens altas.
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Para piorar, ela conta que seus medicamentos estão faltando na rede municipal de saúde. “Há muitas pessoas que estão sem os medicamentos e essa situação é cruel. Eu cheguei a receber R$ 1.300,00 por seis meses do INSS e, em abril último, a perícia resolveu indeferir meu benefício, fato que se repetiu no último dia 6”, explica, alertando que ontem, em função do protesto, uma nova perícia foi marcada. Ela vai se realizar no próximo dia 2, às 8 horas, com um médico diferente.
Daniel faz tudo em casa em função da doença de esposa e da mãe. Ele gostaria de trabalhar de madrugada para poder sustentar a família, mas não consegue emprego. “Eu faço qualquer serviço. Se minha esposa estivesse com saúde, ela ficaria com minha mãe, que não consegue ir sequer ao banheiro”, afirma o marido de Ana Paula.
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Reportagem desrespeitada
Ontem, durante a apuração da história do casal, a Reportagem foi desrespeitada por um funcionário do posto do INSS. Ele saiu de seu ambiente de trabalho — em que tinha mais de 150 pessoas para atender — para fotografar, com o celular, a ação dos repórteres.
Depois, dentro do posto, o funcionário se negou a falar com a reportagem e de repassar o telefone da diretoria do órgão. Além disso, tentou convencer a segurança a expulsar a reportagem do prédio público, o que acabou não ocorrendo.
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A Assessoria do INSS revelou ontem, por telefone, que uma nova perícia foi antecipada para hoje, às 15 horas (justamente no horário da sessão de Câmara) e que parentes de Ana Paula tentariam convencê-la a desistir do protesto.