Cotidiano

Caranguejos do litoral de SP têm até 1.200% mais microplástico que o manguezal

Estudo da Unesp mostra acúmulo até 1.200% maior nos animais do que na lama de manguezais em Praia Grande

Luna Almeida

Publicado em 22/09/2025 às 20:41

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Os pesquisadores coletaram amostras de sedimento, água e de três espécies de caranguejo comuns na região / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp

Continua depois da publicidade

Um levantamento inédito realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou um dado alarmante: caranguejos do manguezal do Portinho, em Praia Grande, apresentam até 1.200% mais microplásticos em seus corpos do que a própria lama onde vivem. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O achado não só reforça os impactos da poluição plástica nos ecossistemas costeiros, como também alerta para os riscos à saúde da população que consome esses animais.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Estudo liga ultraprocessados e microplásticos a riscos à saúde mental

• Raio-x aponta quais as 5 praias mais poluídas por microplásticos no Brasil

• Quase todo o camarão pescado no litoral está contaminado, segundo estudo

Durante cerca de um ano e meio de experimentos, os pesquisadores coletaram amostras de sedimento, água e de três espécies de caranguejo comuns na região (Goniopsis cruentata, Aratus pisonii e Minuca rapax). Em todos os casos, os resíduos foram encontrados.

Em média, um único exemplar analisado apresentou 175 partículas microscópicas de plástico acumuladas em músculos, sangue e órgãos – quantidade até 13 vezes superior à observada no ambiente externo.

Continua depois da publicidade

Riscos para a saúde

Os cientistas defendem que os resultados reforçam a urgência de campanhas educativas / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
Os cientistas defendem que os resultados reforçam a urgência de campanhas educativas / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
A poluição plástica é um fenômeno generalizado e que exige atenção contínua / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
A poluição plástica é um fenômeno generalizado e que exige atenção contínua / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
Um único exemplar analisado apresentou 175 partículas microscópicas de plástico acumuladas em músculos, sangue e órgãos /Foto Ilustrativa/ Pexels/Dylan Elsermans
Um único exemplar analisado apresentou 175 partículas microscópicas de plástico acumuladas em músculos, sangue e órgãos /Foto Ilustrativa/ Pexels/Dylan Elsermans
O problema não se restringe aos caranguejos / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
O problema não se restringe aos caranguejos / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
 / Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP
/ Laboratório de Aquicultura Sustentável/Unesp/CLP

O processo identificado é chamado de bioacumulação, quando resíduos passam a se concentrar no organismo dos animais. Nos caranguejos, essa dinâmica já compromete funções básicas, como a respiração.

Para os seres humanos, o risco é indireto, mas preocupante: ao consumir a carne desses crustáceos, também há ingestão dos microplásticos.

A pesquisa aponta que a urbanização intensa da Baixada Santista, somada ao impacto das indústrias e ao tráfego portuário, amplia a presença desses resíduos na região. 

Continua depois da publicidade

Além da contaminação direta, o estudo destaca que a redução de áreas preservadas e o desmatamento favorecem a dispersão da espécie de caranguejo mais afetada, ampliando os impactos.

Conscientização

Os cientistas defendem que os resultados reforçam a urgência de campanhas educativas sobre descarte irregular de lixo e redução do uso de plásticos descartáveis. A equipe da Unesp já realiza ações em escolas e comunidades para sensibilizar a população local.

Apesar dos resultados inéditos, a pesquisa deve avançar: novos pontos da Baixada Santista estão sendo monitorados e outras espécies avaliadas para medir o nível de bioacumulação.

Continua depois da publicidade

Situação em outras espécies

O problema não se restringe aos caranguejos. Outro estudo recente da Unesp, em fase preliminar, mostrou que até 90% dos camarões coletados no litoral paulista já apresentam microplásticos no trato intestinal

As coletas, feitas em áreas de maior impacto humano na Baixada Santista e em regiões de menor intervenção, como Cananéia, confirmam que a poluição plástica é um fenômeno generalizado e que exige atenção contínua.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software