Cotidiano

Capital da Pitaya: cidade brasileira transforma fruta exótica em negócio milionário

Conhecida até poucos anos atrás pela produção de leite e aves, o município decidiu apostar em uma fruta tropical e acabou se reinventando

Ana Clara Durazzo

Publicado em 23/10/2025 às 15:45

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Atualmente, 10 produtores locais cultivam mais de 10 mil pés de pitaya em 6 hectares, com uma produção anual estimada em 90 toneladas / ImageFX

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No coração do Vale do Taquari, no interior do Rio Grande do Sul, a pequena Sério, com menos de dois mil habitantes, vem colhendo os frutos de uma transformação exemplar.

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Antes conhecida pela produção de leite e aves, a cidade apostou em uma fruta tropical e acabou se tornando referência nacional em agricultura inovadora, turismo e economia criativa.

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Desde 2021, o município ostenta oficialmente o título de 'Terra da Pitaya' ou, como já é chamada pelos moradores e visitantes, a 'Capital da Pitaya'.

Da aposta ousada à colheita de sucesso

A virada começou em 2017, quando a Prefeitura de Sério lançou um projeto de incentivo ao cultivo da pitaya, buscando novas fontes de renda para pequenos agricultores. Sete famílias abraçaram a ideia e iniciaram o plantio da fruta, até então considerada exótica no sul do país.

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O resultado surpreendeu: alta produtividade, boa adaptação ao solo gaúcho e retorno financeiro rápido.
O projeto, que começou com uma experiência rural, se transformou em política pública de desenvolvimento regional, e quatro anos depois o título de 'Terra da Pitaya' foi oficializado por lei municipal.

'A pitaya não é só uma fruta, virou parte da nossa identidade', contou um dos produtores locais ao portal Grupo A Hora.

Da fruta ao negócio milionário

Hoje, cerca de 10 produtores cultivam mais de 10 mil pés de pitaya em 6 hectares, com uma produção anual de 90 toneladas.

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Apenas a venda da fruta in natura movimenta R$ 900 mil por ano na economia local — um número expressivo para um município de pequeno porte.

Mas o verdadeiro diferencial de Sério foi ir além da agricultura. Em parceria com o Instituto Tecnológico em Alimentos para Saúde (itt Nutrifor), da Unisinos, a cidade lançou o primeiro refrigerante de pitaya do Brasil, colocando o município no mapa da inovação alimentar.

Além da bebida, vinhos, espumantes, chopes, geleias, pães e doces artesanais feitos com a fruta são produzidos por agroindústrias locais, garantindo que parte da renda permaneça na comunidade e fortalecendo o comércio regional.

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Feira da Pitaya: a colheita que virou festa

A consagração do projeto acontece todos os anos na Feira da Pitaya, um dos maiores eventos do Vale do Taquari. A edição mais recente reuniu 30 mil visitantes, número 15 vezes maior que a população da cidade.

Durante a feira, os visitantes encontram produtos artesanais, gastronomia temática, shows, exposições agrícolas e rodadas de negócios.

O evento é hoje o principal motor turístico e econômico de Sério, movimentando hotéis, restaurantes e produtores rurais.

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'A Feira da Pitaya é mais do que uma festa — é o reflexo de um modelo que deu certo. A cidade inteira vibra junto', afirmou um dos organizadores.

Um modelo que inspira o Brasil

O sucesso de Sério virou exemplo para outros municípios rurais do Brasil. A cidade mostrou que, com planejamento, cooperação e inovação, é possível transformar uma aposta agrícola em marca regional e fonte de prosperidade.

A pitaya, fruta tropical de aparência exótica, casca vibrante e sabor suave, virou símbolo de orgulho, união e desenvolvimento sustentável.

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Mais do que um produto agrícola, ela representa a identidade de uma cidade que acreditou em seu potencial e colhe, literalmente, os frutos disso.

Hoje, Sério é referência em agricultura familiar moderna, turismo rural e economia criativa, mostrando que grandes ideias também florescem em pequenos municípios.

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