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Durma-se com um barulho desses. Nunca essa frase fez tanto sentido para moradores da Rua República Portuguesa, na Vila Mathias, em Santos. Tanto na via quanto no cruzamento com a Rua Silva Jardim, é grande o volume de caminhões frigoríficos estacionados, aguardando para descarregar. O barulho é causado pelo ronco dos motores desses veículos que permanecem ligados para refrigerar a carga. Os caminhões chegam a esperar dias para descarregar.
Ary Rodrigues comprou sua residência na Rua República Portuguesa há um ano, mas o sonho de morar em uma casa grande virou um pesadelo. “É dia e noite esse barulho. A gente não consegue dormir, ver televisão e nem falar ao telefone. Esses caminhões ficam ligados 24 horas. A Prefeitura precisa encontrar uma solução para esses caminhoneiros que também sofrem com a falta de estacionamento e alojamento”.
Outra moradora, Terezinha Rodrigues Meira, também se queixa e pretende se mudar em breve, da casa onde reside há 51 anos. “O barulho incomoda mesmo e eu moro com a minha mãe de 95 anos de idade. Incomoda bastante esse barulho todo dia”. disse ela.
É proibido estacionar na Rua República Portuguesa, conforme placa indicativa no local. “O nosso problema será resolvido quando o problema dos caminhoneiros estiver resolvido”, finalizou Ary Rodrigues.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) informou, em nota, que intensificará a fiscalização no local. A CET-Santos esclareceu ainda que é importante que as pessoas denunciem os abusos para a eficácia da fiscalização em ruas que estão fora da rota fixa como é o caso da República Portuguesa. As denúncias devem ser feitas à Central de Operações da CET pelo 0800-7719194. De acordo com a CET, o infrator está sujeito à multa no valor de R$ 85,12 e quatro pontos na carteira. Só em 2006, foram lavrados seis autos de infração por estacionamento irregular na Rua República Portuguesa.
Caminhoneiros
Os caminhoneiros também enfrentam transtornos no local. Alguns comentaram que é a primeira e última vez que vêm para Santos, mas não quiseram se identificar. Os problemas começam com a longa espera para descarregar a carga, que chega a levar dias, causando desconforto pela falta de dormitórios e banheiros e até risco de assaltos.
O caminhoneiro, Tertuliano Lima Palhano, que veio do Estado de Goiás, enfrentou três dias de viagem até Santos e aguardava há dezesseis dias (chegou na Cidade no último dia 10) para descarregar no Terminal frigorífico. “A gente dorme no caminhão, gasta com restaurante e não tem previsão para fazer o transbordo e voltar pra casa”.
O mesmo drama vive o colega Luiz Antonio da Silva, que veio de Mato Grosso. “A empresa só deixa a gente usar o banheiro para tomar banho, das 7 às 8h e das 19 às 20h, e ainda assim, enfrentamos fila. Já esperei uma hora para tomar banho e já estou aqui esperando para descarregar a carga há 14 dias”, disse Luiz Antonio.
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