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Cotidiano

Câmara de Santos: Débora Camilo avalia acionar assessor de João Neri

Assessor teria a ofendido de forma machista e misógina em grupo de assessores do WhatsApp

Carlos Ratton

Publicado em 06/04/2021 às 07:00

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Débora Camilo está avaliando a possibilidade de acionar na Justiça o assessor parlamentar Roberval Nicácio de França / Reprodução/Facebook

A vereadora Débora Camilo (PSOL), de Santos, está avaliando a possibilidade de acionar na Justiça o assessor parlamentar Roberval Nicácio de França que, no último dia 31, teria a ofendido de forma machista e misógina em grupo de assessores do WhatsApp. França não é funcionário da Câmara de Santos, mas trabalha diretamente para o vereador João Neri (DEM), que já se desculpou pela atitude de seu auxiliar.

"Acreditamos que o combate às opressões e a discriminação, incluindo obviamente a violência de gênero, é uma luta estrutural que precisa de ações pedagógicas. Portanto, nosso jurídico tomará as ações adequadas para que não seja uma punição pura e simples, mas um processo de conscientização", revela Débora Camilo.

Para Débora, a violência de gênero ocorre por vezes de forma aberta, como no caso do insulto, e às vezes de forma velada, com tentativas de desqualificar a nossa denúncia e confundir quem está acompanhando este absurdo. "Não toleramos nenhum tipo de violência".

PSOL.

A parlamentar santista lembra que a violência política, em especial com as mulheres, tem sido cada vez mais recorrente nos espaços legislativos e as parlamentares do PSOL, por serem combativas militantes, se tornam alvos frequentes.

Ela cita perseguição contra a vereadora de São Paulo Erika Hilton; tiros na casa de Carolina Iara, integrante da Bancada Feminista do PSOL; difamação contra Talíria Petrone, criminalizando a licença-maternidade; e o ataque desrespeitoso contra a vereadora Camila Valadão, na Câmara de Vitória-ES, em pleno 8 de Março. Além da deputada Isa Pena e a vereadora Benny Briolly, de Niterói-RJ, também atacada por um vereador bolsonarista e o mais conhecido caso de Marielle Franco, brutalmente assassinada, um crime político, um feminicídio político.

Finalizando, a vereadora Débora Camilo garante que foi eleita para, entre muitas coisas, combater o machismo e a violência de gênero, sendo que não aceitará intimidações de qualquer tipo. "Existe uma estrutura, que envolve os espaços parlamentares do país, que reproduz o machismo e misoginia impregnados na sociedade. E, infelizmente, ainda há na Câmara de Santos quem replique essa estrutura. Este caso não pode ser tolerado nem repetido contra qualquer mulher dentro e fora da Câmara".

SOLIDARIEDADE.

Também vereadora, Telma de Souza (PT) fez questão de se solidarizar com a colega de plenário. "Repudiei a atitude junto à Câmara. Iniciei minha trajetória política como vereadora quando sequer banheiro feminino existia próximo ao Plenário, o que demonstrava, de forma taxativa, que aquele ambiente não era pensado e enxergado para mulheres", lembra.

A ex-prefeita cita também o assédio sofrido pela deputada Isa Penna (PSOL), que foi filmado no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), que deve gerar ao deputado Fernando Cury (Cidadania) uma suspensão de 180 dias das atividades parlamentares por importunação sexual. "É preciso dar um basta nessa cultura, que é responsável pela desigualdade que agride e violenta inúmeras mulheres todos os dias", finalizou.

CÂMARA.

O caso foi bastante comentado pelas redes sociais durante o Feriado de Páscoa. A administração do grupo virtual informou que recebeu da Mesa Diretora da Câmara a orientação para que França fosse removido. Oficialmente, a Câmara confirmou que o assessor trabalha externamente para Neri e, neste sentido, não há como abrir procedimento administrativo, nem estabelecer punições uma vez que França não é nomeado pela Casa.

"A ofensa é um ato isolado, e conforme apurado, cometido por pessoa que não pertence ao quadro de assessores. O respeito e o diálogo sempre nortearam as ações e manifestações de parlamentares, assessores, servidores e prestadores de serviço", revela em nota, alertando que repudia qualquer manifestação depreciativa ou desrespeitosa dirigida contra a moral de pessoas ou entidades.

JOÃO NERI/FRANÇA.

O vereador João Neri revelou que, assim que teve ciência entrou em contato direto com a vereadora e "deixei claro que, em momento algum, permitiria uma ação dessa. Fui informado também por França que houve um erro do corretor de texto de seu celular", disse.

Se mostrando bastante abalado com o ocorrido, França confirma o equívoco, alertando que, no dia em questão, tramitava uma monção de apoio de Neri à vacinação dos profissionais da limpeza urbana por exposição ao Covid-19. "A ver (abreviando a palavra vereadora) do PSOL não se posicionou, meu corretor de texto mudou a palavra 'ver por vaca'. Meu aparelho é novo e não reconheceu a palavra. Fui avisado pelo grupo minutos depois da postagem e, de pronto, apaguei e me desculpei. Jamais teria tal atitude. Tenho um passado de esquerda como militante estudantil, cara pintada e membro da Secretaria Nacional da Juventude nas décadas de 80/90. Sou de etnia negra, nascido e criado em periferias e defensor dos Direitos Humanos",
garante.

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