Cotidiano

Calor extremo pode dobrar mortes na América Latina até 2050, alerta estudo

A projeção considera o ritmo natural de envelhecimento populacional e cenários moderados de aquecimento global

Gabriel Fernandes

Publicado em 16/10/2025 às 09:22

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Hoje estimadas em 0,87% do total, as mortes associadas ao calor extremo podem atingir 2,06% no pior cenário analisado / Tânia Rêgo/Agência Brasil

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As mortes por calor podem chegar a 2,06%, segundo uma análise de cenários feita em um total de 326 cidades da Argentina, do Brasil, Chile, da Costa Rica, de El Salvador, da Guatemala, do México, Panamá e Peru por uma rede de pesquisadores.

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A projeção considera o ritmo natural de envelhecimento populacional e cenários moderados de aquecimento global, com aumento de temperatura entre 1°C e 3°C entre 2045 e 2054.

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Hoje estimadas em 0,87% do total, as mortes associadas ao calor extremo podem atingir 2,06% no pior cenário analisado. Atualmente, o calor é responsável por cerca de uma em cada 100 mortes na América Latina, mas esse número pode mais que dobrar nas próximas duas décadas. 

“As pessoas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem. Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou a espaços verdes terá mais dificuldade para enfrentar ondas de calor cada vez mais intensas. As mortes são apenas a ponta do iceberg", afirma Nelson Gouveia, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e um dos autores do estudo.

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Gouveia ainda explica com as altas temperaturas trazem problemas de saúde para as pessoas. "O calor extremo aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente em pessoas com doenças crônicas”, diz.

Além disso, segundo especialistas as temperaturas mais altas também aumentam as queixas de cansaço, dor de cabeça, queda de pressão, tontura, etc. Psicologicamente, ele pode causar irritabilidade, ansiedade e estresse, principalmente por prejudicar o sono e aumentar os níveis de cortisol. 

Temperaturas extremas também podem prejudicar a capacidade cognitiva e agravar condições de saúde mental preexistentes, além de aumentar o risco de problemas mais graves como a agressividade, a depressão e, em casos extremos, surtos psicóticos ou alucinações.

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A pesquisa

No Brasil, a pesquisa utilizou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS, e do Censo Demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Assim como nos demais países da região, os pesquisadores preveem um aumento expressivo das mortes causadas por temperaturas extremas, tanto de calor quanto de frio.

O envelhecimento populacional, especialmente o crescimento do número de pessoas com mais de 65 anos, é apontado como um dos principais fatores de risco no período projetado.

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O estudo também destaca que uma parte significativa dessas mortes pode ser evitada por meio de políticas de adaptação climática.

Entre as medidas recomendadas estão planos de ação para ondas de calor, infraestrutura urbana que reduza a exposição às altas temperaturas e políticas públicas acessíveis a idosos e pessoas com deficiência.

Outras ações eficazes incluem sistemas de alerta precoce com linguagem acessível, ampliação de áreas verdes, criação de corredores de ventilação urbana, educação comunitária sobre os riscos do calor e protocolos de saúde pública que priorizem o atendimento a grupos vulneráveis — iniciativas já em prática em cidades como o Rio de Janeiro.

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A pesquisa integra o projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), que reúne especialistas de nove países latino-americanos e dos Estados Unidos. Com duração prevista entre 2023 e 2028, o projeto busca produzir evidências científicas sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde da população da região.

*Com informações da Agência Brasil

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