Cotidiano
O resultado é um café com características únicas, altamente valorizado no mercado. O quilo pode custar cerca de R$ 1.800, enquanto pacotes menores ultrapassam facilmente os R$ 100
O jacu (Penelope obscura) é uma ave da família dos cracídeos, a mesma das jacutingas e mutuns / Pexels
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A história de Santos está profundamente ligada ao café. O município consolidou sua expansão econômica graças ao porto, que durante décadas teve como principal produto de exportação o grão agrícola que marcou o desenvolvimento do Brasil.
Mas a cidade não é apenas referência logística. Ela também se tornou sinônimo de qualidade e oferece aos visitantes e moradores a chance de experimentar um dos cafés mais curiosos e raros do mundo: o café do jacu.
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A fama dessa iguaria tem origem inusitada. O jacu, ave típica de regiões de Mata Atlântica, alimenta-se dos frutos do cafeeiro.
Após a digestão, os grãos ingeridos sofrem transformações químicas naturais que alteram o sabor da bebida. Em seguida, eles são excretados, coletados de forma seletiva, lavados e torrados.
O resultado é um café com características únicas, altamente valorizado no mercado. O quilo pode custar cerca de R$ 1.800, enquanto pacotes menores ultrapassam facilmente os R$ 100.
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Para quem ficou curioso, Santos oferece experiências especiais ligadas à bebida. É possível visitar a histórica Bolsa do Café ou conhecer cafeterias tradicionais, como a Rei do Café, ambas localizadas no Centro da cidade.
O sabor é descrito como suave, menos amargo e com notas diferenciadas devido ao processo natural pelo qual passa. Ainda neste tema, um inventor brasileiro cria máquina portátil capaz de limpar meia tonelada de café por hora.
O jacu (Penelope obscura) é uma ave da família dos cracídeos, a mesma das jacutingas e mutuns. É uma espécie nativa da América do Sul, encontrada no Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai, principalmente em áreas de Mata Atlântica e matas de galeria.
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Como já dito, quando o jacu ingere os frutos do cafeeiro, o processo de digestão provoca reações químicas que alteram as características dos grãos.
Depois de excretados, eles são coletados, higienizados, torrados e transformados em uma bebida rara e muito valorizada, chamada café do jacu.
Mede entre 65 e 80 centímetros de comprimento, possui plumagem escura em tons de marrom e cinza com reflexos esverdeados, além de uma carúncula avermelhada no pescoço que se destaca em alguns indivíduos.
Apesar do porte robusto, é um animal discreto e arisco, sendo mais fácil ouvir seu canto característico do que avistá-lo.
Sua alimentação é predominantemente frugívora, composta por frutos, sementes e brotos, mas também pode incluir folhas e flores. Por esse hábito, o jacu tem grande importância ecológica, já que atua como dispersor de sementes, contribuindo para a regeneração da floresta. Costuma viver em casais ou pequenos bandos, geralmente no alto das árvores, descendo ao solo para se alimentar.
Na época reprodutiva, que ocorre sobretudo entre a primavera e o verão, a fêmea constrói ninhos simples com galhos e folhas em árvores ou arbustos, onde põe de dois a quatro ovos, incubados por cerca de 30 dias.
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