Essas afinidades podem surgir no momento da escolha do pet ou se intensificar conforme a convivência se torna mais próxima / Pixabay
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Uma pesquisa publicada na revista científica Personality and Individual Differences revelou que donos e seus animais compartilham não apenas traços de personalidade, mas também hábitos de saúde e padrões de comportamento semelhantes.
Essas afinidades podem surgir no momento da escolha do pet ou se intensificar conforme a convivência se torna mais próxima. Ou seja: mais do que fiéis companheiros, os cães podem ser verdadeiros espelhos emocionais de seus tutores.
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A psicóloga experimental e especialista em comportamento animal Mariana Hess, mestre pelo Instituto de Psicologia da USP, explica que essa sintonia vai muito além do afeto.
“O tutor influencia diretamente a forma como o cão reage ao mundo”, afirma. “Indivíduos com traços de neuroticismo mais altos — que indicam instabilidade emocional — tendem a ter cães mais inseguros e ansiosos. Já pessoas extrovertidas costumam conviver com cães mais sociáveis. E tutores com maior senso de disciplina e organização criam pets mais obedientes e tranquilos durante o adestramento.”
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Segundo Mariana, a proximidade emocional entre tutor e cão precisa ser equilibrada. “Um nível de apego muito intenso pode elevar a ansiedade, o estresse e até a depressão de ambos. Nem sempre essa relação é prejudicial, mas o tutor pode usar o vínculo como uma forma de compensação emocional, e isso exige atenção.”
Ela cita exemplos comuns: tutores ativos e sociáveis podem causar desconforto em cães mais ansiosos quando os expõem a situações movimentadas. Já pessoas que passam muito tempo fora de casa tendem a gerar estresse em animais que dependem de companhia constante.
Por outro lado, quando os perfis são compatíveis — como no caso de tutores gentis, cooperativos e extrovertidos — o convívio tende a ser mais harmonioso e saudável, fortalecendo o bem-estar físico e emocional de ambos.
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Além das emoções, o nível de atividade física também reflete o estilo de vida compartilhado. Mariana destaca que tutores mais ativos incentivam naturalmente seus cães a se mover mais.
“Caminhadas e brincadeiras frequentes reduzem o risco de obesidade, doenças musculares e problemas crônicos. Também promovem ganhos mentais, com menor índice de ansiedade e agressividade nos animais.”
Essa troca de hábitos saudáveis reforça o papel do cão como um vínculo emocional seguro.
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“O pet oferece uma base de afeto constante, o que facilita o desenvolvimento de outras relações humanas mais estáveis”, explica a psicóloga.
A especialista acredita que entender a relação entre personalidade e comportamento animal pode transformar o modo como escolhemos um novo companheiro.
“Saber reconhecer afinidades emocionais e rotineiras ajuda na formação de laços equilibrados e evita frustrações. É importante escolher um cão que realmente combine com o estilo de vida do tutor, em vez de tentar moldar o animal.”
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Mariana também destaca que essa visão pode tornar as adoções mais responsáveis, especialmente entre cães adultos.
“Animais mais velhos já têm traços de personalidade definidos, o que permite identificar melhor o tipo de tutor ideal para eles. Esse cuidado aumenta as chances de uma convivência feliz e duradoura.”