O objetivo principal é impulsionar compromissos concretos e colocar os oceanos como prioridade nas decisões globais relacionadas ao clima / Pexels
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A cidade de Nice, na França, será sede, de 9 a 13 de junho de 2025, da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC), o principal fórum internacional dedicado à conservação e ao uso sustentável dos oceanos.
Organizado pela França e Costa Rica sob a coordenação da ONU, o evento reunirá chefes de Estado, cientistas, formuladores de políticas públicas, representantes da sociedade civil e do setor privado.
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O objetivo principal é impulsionar compromissos concretos e colocar os oceanos como prioridade nas decisões globais relacionadas ao clima, ao desenvolvimento e à segurança planetária.
A UNOC surge em um momento decisivo: é a oportunidade de reverter a degradação marinha ou enfrentar consequências irreversíveis para a saúde dos oceanos. Em meio ao agravamento das mudanças climáticas e à crise ecológica mundial, a conferência se mostra essencial e urgente.
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O professor do Instituto Oceanográfico da USP, Alexander Turra, afirma que os oceanos devem ocupar posição de destaque nas discussões climáticas da COP 30, que acontece no Brasil neste ano.
Os oceanos são fundamentais para regular o clima global, absorvendo mais de 90% do calor excedente gerado pelas emissões de gases de efeito estufa e cerca de 30% do CO atmosférico.
Além disso, produzem cerca de metade do oxigênio do planeta e sustentam a vida de mais de três bilhões de pessoas, fornecendo alimentos, empregos, transporte e cultura.
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Apesar de sua importância, os oceanos ainda enfrentam sérias ameaças, como acidificação, aquecimento, perda de biodiversidade, sobrepesca e poluição, especialmente por plásticos.
Historicamente, a questão oceânica tem sido negligenciada nos principais fóruns globais de decisão. A UNOC busca justamente corrigir essa lacuna e assegurar que a proteção dos oceanos seja tratada como prioridade política, social e econômica.
No centro das discussões da UNOC está o ODS 14 — Vida na Água, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Esse objetivo visa conservar e utilizar de maneira sustentável os oceanos, mares e seus recursos. Em termos práticos, envolve:
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Redução da poluição marinha, especialmente plásticos e nutrientes;
Combate à acidificação dos oceanos;
Regulamentação da pesca e recuperação dos estoques pesqueiros;
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Proteção de ecossistemas frágeis, como recifes de corais e manguezais;
Ampliação das áreas marinhas protegidas;
Fomento a uma economia azul sustentável, inclusiva e resiliente.
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A implementação do ODS 14 não é apenas um compromisso ambiental: é essencial para garantir a habitabilidade do planeta e a estabilidade dos sistemas naturais e sociais.
As edições anteriores da UNOC deixaram importantes legados. Em 2017, o evento deu visibilidade inédita à pauta oceânica, impulsionando o Tratado BBNJ (Biodiversidade Além das Jurisdições Nacionais) e resultando em mais de mil compromissos voluntários de governos e instituições.
Já a edição de 2022 consolidou o papel central da ciência nas decisões políticas e ampliou o protagonismo da juventude, das comunidades tradicionais e da inovação tecnológica na saúde dos oceanos.
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A expectativa para 2025 é que a conferência intensifique ainda mais essa integração entre conhecimento científico, decisões políticas e mobilização global.
Com uma das maiores zonas costeiras do mundo e boa parte da população vivendo perto do litoral, o Brasil tem um papel fundamental na governança oceânica internacional.
O país abriga uma rica biodiversidade marinha, comunidades costeiras tradicionais, forte atividade pesqueira e um interesse crescente em energias renováveis offshore. No entanto, também enfrenta desafios significativos, como erosão costeira, lixo marinho e sobrepesca.
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Nesse contexto, o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO) terá uma participação destacada na UNOC 2025.
A delegação brasileira vai participar de reuniões bilaterais com centros de excelência como o Ifremer (França) e o Mercator Ocean International, reforçando parcerias estratégicas em áreas como observação oceânica, modelagem climática e educação científica.
Além disso, estão previstos acordos de cooperação com instituições internacionais e a presença do INPO no segmento principal da conferência, apresentando propostas e contribuições técnicas baseadas em evidências científicas.
O Brasil também se destaca por ter sido o primeiro país a incluir a alfabetização oceânica no currículo escolar nacional, demonstrando que a preservação dos oceanos começa pela educação.
Essa participação qualificada reforça o compromisso brasileiro com a diplomacia científica, a cooperação internacional e o fortalecimento de uma diplomacia azul que se apoia em evidências, equidade e inovação.