Cotidiano

Brasil registra crescimento alarmante nos casos de eventos climáticos extremos

Especialista alerta que cidades brasileiras ainda possuem infraestrutura desenhada para uma realidade climática que não existe mais

Igor de Paiva

Publicado em 15/11/2025 às 11:41

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Segundo os dados, o número de desastres por ciclones e frentes frias aumentou em 19 vezes / Fernando Frazão/Agência Brasil

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Um estudo lançado na COP 30, em Belém do Pará, revela que entre 2021 e 2024, o Brasil registrou crescimento de 1.800% nos casos de eventos extremos em relação à década de 1990. 

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Ao todo, foram registradas 44 ocorrências contra uma média de 2,3 registros a 30 anos. Segundo os dados, o número de desastres por ciclones e frentes frias aumentou em 19 vezes, totalizando 407 desastres climáticos entre 1991 e 2024.

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O levantamento, produzido pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica em parceria com a Universidade Federal de São Paulo e a Fundação Grupo Boticário, também mostra que episódios recentes ilustram a gravidade da situação. 

Tornados registrados no Paraná neste mês, por exemplo, deixaram sete mortos e mais de 700 feridos. No total, 232 municípios foram impactados entre 1991 e 2024, atingindo 1,2 milhão de pessoas e deixando mais de 27 mil moradores desalojados ou desabrigados, sobretudo nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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Em entrevista à Agência Brasil, o pesquisador Ronaldo Cristofoletti, professor da Unifesp e integrante da rede de especialistas em conservação da natureza, afirmou que o avanço desses eventos está diretamente ligado ao aquecimento global. 

Ele explica que o aumento da temperatura do planeta intensifica frentes frias e ciclones formados em regiões polares, ampliando a frequência e a força das massas de ar frio que chegam ao Brasil. 

Para o especialista, cidades brasileiras ainda possuem infraestrutura desenhada para uma realidade climática que já não existe, o que exige planejamento urgente. 

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Entre as medidas necessárias, destaca soluções baseadas na natureza, como a proteção de manguezais, restingas e demais áreas naturais capazes de amortecer impactos.

Cristofoletti também aponta que temas centrais da COP30, como a redução de emissões e a ampliação do financiamento climático, serão decisivos para frear o avanço dos desastres. 

No entanto, ele alerta que mesmo ações imediatas levarão mais de uma década para produzir efeitos. Enquanto isso, os prejuízos já acumulados pelos eventos extremos somam R$ 2,74 bilhões no país. 

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Serviços públicos como energia, transporte e distribuição estão entre os mais afetados, enquanto, no setor privado, a agricultura concentra as maiores perdas.

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