Entre 2015 e 2024, o número de estudantes matriculados em cursos de engenharia caiu 30%, passando de cerca de 1,2 milhão para 887 mil / ImageFX
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O Brasil enfrenta uma possível escassez de profissionais de engenharia nas próximas décadas. Um levantamento do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), com base em dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), aponta que o país pode ter até 1 milhão de engenheiros a menos até 2030 se o ritmo atual de matrículas e formaturas continuar em queda.
Entre 2015 e 2024, o número de estudantes matriculados em cursos de engenharia caiu 30%, passando de cerca de 1,2 milhão para 887 mil. O cenário é ainda mais preocupante na engenharia civil, onde a redução chegou a 52%.
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Essa área é essencial para o desenvolvimento de infraestruturas urbanas, como estradas, edifícios, túneis, sistemas de saneamento e habitação popular, justamente setores que devem crescer nos próximos anos.
A queda na formação de engenheiros ocorre em um momento de aumento da demanda por obras públicas e projetos habitacionais, impulsionados por investimentos do BNDES e programas federais de habitação e reforma.
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Entre eles está o Reforma Casa Brasil, lançado pelo governo Lula em 21 de outubro, que prevê R$ 40 bilhões em orçamento, sendo R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal, para linhas de crédito com juros abaixo do mercado, voltadas a famílias com renda mensal de até R$ 9.600.
O objetivo do programa é estimular reformas e ampliações de moradias, o que deve aumentar a demanda por engenheiros civis e técnicos especializados.
'A escassez de profissionais de engenharia requer estratégias para motivar a formação e a retenção de acadêmicos, o que envolve políticas educacionais e incentivos de carreira', destacou o Confea em nota.
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Apesar da queda nas matrículas, a construção civil continua sendo um dos setores que mais empregam no país.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apenas em julho de 2025 o setor gerou 19.066 novos postos de trabalho, o que representa 15% de todas as vagas formais abertas no Brasil naquele mês.
Os salários médios dos engenheiros civis variam entre R$ 7 mil e R$ 7,7 mil, podendo ultrapassar R$ 15 mil para profissionais com mais de 10 anos de experiência — o que reforça o potencial de valorização da carreira em meio à escassez prevista.
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Especialistas apontam que o cenário exige investimentos em educação técnica e superior, além de políticas de incentivo à permanência dos estudantes nos cursos de engenharia.
Sem essas medidas, o país poderá enfrentar um gargalo estrutural justamente em um momento de retomada de obras públicas, crescimento do mercado imobiliário e ampliação da infraestrutura urbana, áreas que dependem diretamente da mão de obra qualificada de engenheiros.