Cotidiano

Brasil pode enfrentar apagão profissional e perder milhões de profissionais dessa área

Estudo revela redução de 30% na formação e alerta para crise em área essencial da economia

Ana Clara Durazzo

Publicado em 29/10/2025 às 08:45

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Entre 2015 e 2024, o número de estudantes matriculados em cursos de engenharia caiu 30%, passando de cerca de 1,2 milhão para 887 mil / ImageFX

Continua depois da publicidade

O Brasil enfrenta uma possível escassez de profissionais de engenharia nas próximas décadas. Um levantamento do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), com base em dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), aponta que o país pode ter até 1 milhão de engenheiros a menos até 2030 se o ritmo atual de matrículas e formaturas continuar em queda.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Entre 2015 e 2024, o número de estudantes matriculados em cursos de engenharia caiu 30%, passando de cerca de 1,2 milhão para 887 mil. O cenário é ainda mais preocupante na engenharia civil, onde a redução chegou a 52%.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Estudo revela as 10 profissões que mais atraem psicopatas; será que a sua está na lista?

• Profissão antes subestimada se transforma em ouro e paga até R$ 8 mil por mês

• 15 profissões que vão bombar no futuro e como se preparar agora

Essa área é essencial para o desenvolvimento de infraestruturas urbanas, como estradas, edifícios, túneis, sistemas de saneamento e habitação popular, justamente setores que devem crescer nos próximos anos.

Déficit ameaça expansão da infraestrutura

A queda na formação de engenheiros ocorre em um momento de aumento da demanda por obras públicas e projetos habitacionais, impulsionados por investimentos do BNDES e programas federais de habitação e reforma.

Continua depois da publicidade

Entre eles está o Reforma Casa Brasil, lançado pelo governo Lula em 21 de outubro, que prevê R$ 40 bilhões em orçamento, sendo R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal,  para linhas de crédito com juros abaixo do mercado, voltadas a famílias com renda mensal de até R$ 9.600.

O objetivo do programa é estimular reformas e ampliações de moradias, o que deve aumentar a demanda por engenheiros civis e técnicos especializados.

'A escassez de profissionais de engenharia requer estratégias para motivar a formação e a retenção de acadêmicos, o que envolve políticas educacionais e incentivos de carreira', destacou o Confea em nota.

Continua depois da publicidade

Setor segue vital para o emprego

Apesar da queda nas matrículas, a construção civil continua sendo um dos setores que mais empregam no país.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apenas em julho de 2025 o setor gerou 19.066 novos postos de trabalho, o que representa 15% de todas as vagas formais abertas no Brasil naquele mês.

Os salários médios dos engenheiros civis variam entre R$ 7 mil e R$ 7,7 mil, podendo ultrapassar R$ 15 mil para profissionais com mais de 10 anos de experiência — o que reforça o potencial de valorização da carreira em meio à escassez prevista.

Continua depois da publicidade

Desafio nacional

Especialistas apontam que o cenário exige investimentos em educação técnica e superior, além de políticas de incentivo à permanência dos estudantes nos cursos de engenharia.

Sem essas medidas, o país poderá enfrentar um gargalo estrutural justamente em um momento de retomada de obras públicas, crescimento do mercado imobiliário e ampliação da infraestrutura urbana, áreas que dependem diretamente da mão de obra qualificada de engenheiros.

TAGS :

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software