Com o avanço no número de abates, é possível que a espécie se torne extinta em breve / Chris Carroll/Pexels
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Os jumentos podem vir a enfrentar um cenário de extinção em breve, em razão da demanda chinesa pelo colágeno encontrado logo abaixo da pele desses animais, em diversos países, inclusive no Brasil.
Em território brasileiro, mais de um milhão de jumentos foram abatidos entre 1996 e 2025, reduzindo a população da espécie no país de 1,73 milhão para pouco mais de 78 mil, ou seja, uma redução de 94%, conforme estimativas de entidades como a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos.
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Inclusive, no último mês de março, o maior primata das Américas, o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), espécie severamente ameaçada de extinção, foi avistado nas proximidades do km 45 da Rodovia dos Imigrantes, após o primeiro túnel no sentido São Paulo, em Cubatão.
Com o avanço no número de abates, é possível que a espécie se torne extinta até 2030, de acordo com o professor de Medicina Veterinária, Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Pierre Barnabé Escodro.
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Em entrevista à BBC News, o docente comentou que alguns países, como o Egito, já não registram mais a presença da espécie, assim como ocorre em várias nações africanas.
Atualmente, apenas três frigoríficos possuem licença do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para abater jumentos, e todos estão localizados na Bahia.
No entanto, pesquisadores e grupos ligados a iniciativas de conservação argumentam que o processo não possui rastreabilidade, o que significa que não há controle adequado de doenças, nem garantia de que os animais não são submetidos a maus-tratos.
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Como a velocidade com que eles conseguem se reproduzir tem sido menor do que a velocidade com que são abatidos, os riscos de extinção aumentam cada vez mais.
O cenário se mostrou tão delicado que, desde 2019, a Justiça chegou a suspender, em algumas ocasiões, a permissão para a atividade, após ser acionada por movimentos de defesa dos direitos dos animais, que alegavam que a prática envolvia maus-tratos.
Já em 2022, um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia buscava proibir o abate no estado. Porém, no último mês de abril, o relator do PL, o deputado Paulo Câmara (PSDB), emitiu parecer contrário à proposta.
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Segundo ele, a atividade é regulamentada, possui importância econômica para o estado e não haveria necessidade de proibição, mas sim de fortalecimento da fiscalização e do cumprimento das normas existentes.
Se você estava com a intenção de ir para Minas Gerais fotografar a Rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), espécie raríssima e com pouquíssimos exemplares, saiba que isso não é mais possível, ao menos neste ano.
Após o censo anual que contabilizou apenas 11 indivíduos nos locais onde ela potencialmente vive, que é a Reserva Natural Rolinha-do-planalto e o Parque Estadual de Botumirim, uma medida de proteção foi anunciada para garantir a sobrevivência da ave, que é uma das espécies mais raras e ameaçadas do Brasil e também do mundo.
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