Cotidiano

Borracheiro corre fantasiado e vira atração pelas ruas de Santos

Enfeitado com luzes, João atrai olhares por onde passa e se tornou personagem conhecido na cidade

Vanessa Pimentel

Publicado em 10/12/2016 às 10:00

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Durante a noite, João sai sempre fantasiado para correr 10 Km. Os apetrechos só não podem ser usados em dias de chuva porque, segundo ele, pode dar curto / Rodrigo Montaldi/DL

Continua depois da publicidade

João José Vicente poderia ser só mais um corredor amador, como tantos outros na cidade de Santos, não fossem os detalhes da roupa que usa para praticar o exercício. Enfeitado com luzes e apetrechos de criação própria, João atrai olhares por onde passa e já se tornou personagem conhecido pelos moradores da região. Para ele, correr fantasiado é um jeito de provocar alegria nas pessoas e se comunicar com elas sem necessariamente usar palavras. Ele chama esta forma de comunicação de “eco”.  

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

“Veio na minha cabeça essa idéia. Daí os amigos apoiaram, acharam engraçado e eu continuei. O pessoal aplaude quando eu passo, tiram fotos. Para o Natal, estou colocando mais luzes no tênis”, conta ele.

Continua depois da publicidade

Nascido no Ceará, João veio para Santos ainda jovem para trabalhar. Foi pedreiro, carpinteiro e quitandeiro até se firmar na borracharia onde trabalha há mais de 30 anos.

“Comecei a correr na roça, lá no Ceará. Meu pai achava coisa de doido, mas eu sempre gostei. Corro em torno de 10 Km”, explica. Sobre a roupa especial, não soube precisar a data, mas acredita que a idéia surgiu há seis anos.

Continua depois da publicidade

Inventor

E não é só pelo jeito incomum de correr que João chama atenção. A fama de inventor também corre o bairro da Aparecida, local onde mora e trabalha. A borracharia é decorada com calotas de pneus nas paredes e garrafas de água pelo teto. “Elas ajudam a refrescar o ambiente e espantar moscas”, justifica. O filho Miguel, de 19 anos, trabalha com ele e confirma que a invenção funciona. “Tinha muita mosca aqui. Depois das garrafas, elas sumiram”, reconhece.

A árvore de Natal é montada todo ano com materiais recicláveis, como garrafas PET e CD’s.

Continua depois da publicidade

“Gosto de usar o que está no lixo para ajudar a limpar”, esclarece. Cascas de banana, abacaxi e resto de café também ganham nova utilidade pelas mãos do borracheiro e se transformam em produtos para limpar carros.

Entre todas as suas criações, a que mais se destaca é a bici—robô. Durante três anos, ele juntou restos de lataria e recicláveis e equipou uma antiga bicicleta. O invento permite que atividades físicas sejam feitas sem sair da borracharia, além de divertir quem confere a cena.

Família

Continua depois da publicidade

A esposa diz que admira as invenções de João e acredita que o hobby surgiu para ocupar o tempo livre que o ofício permite em dias de movimento menor.  

Conta que na adolescência ele queria ser padre, mas as obrigações não permitiram que o marido seguisse este caminho. “Eu gosto das coisas que ele inventa, mas em casa coloco limite, senão ele enche a parede da sala de penduricalhos”, brinca.

Além da criativa decoração da borracharia, a calçada ganha toques de João. Placas artesanais com dizeres escritos por ele são expostas diariamente. As mensagens são de cunho político e religioso, talvez inspiradas pela antiga vontade de ser padre. “O cigarro é a chupeta do capeta”, diz uma delas.

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software