Cotidiano

Biscoito recheado reduz 39 minutos de vida? Descubra o que a ciência revela de fato

A origem da polêmica remonta a uma pesquisa da Universidade de Michigan (EUA), publicada em 2021, que avaliou mais de 5.800 alimentos e criou o Health Nutritional Index

Ana Clara Durazzo

Publicado em 03/09/2025 às 10:30

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Embora a relação direta com 'minutos de vida' seja questionável, os riscos de comer biscoito recheado todos os dias são bem documentados / Freepik

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Uma afirmação curiosa circulou nas redes sociais nos últimos dias: a ideia de que cada porção de biscoito recheado ultraprocessado poderia reduzir 39 minutos da expectativa de vida. Apesar de chamativa, a informação não encontra respaldo direto em estudos científicos.

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A origem da polêmica remonta a uma pesquisa da Universidade de Michigan (EUA), publicada em 2021, que avaliou mais de 5.800 alimentos e criou o Health Nutritional Index (Índice de Nutrição e Saúde). O objetivo foi calcular o impacto de diferentes itens na qualidade de vida saudável, considerando fatores de risco ligados a doenças crônicas.

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O que diz o estudo original

No levantamento, alguns exemplos chamaram a atenção: um cachorro-quente poderia 'custar' 36 minutos de vida saudável, um refrigerante 12 minutos, bacon 6 minutos e um cheeseburger 9 minutos. Por outro lado, frutas, vegetais e nozes estavam associados ao ganho de minutos na expectativa de vida saudável.

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No entanto, não há menção a biscoitos recheados com o valor de 39 minutos. Segundo a Dra. Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), a frase provavelmente nasceu de uma extrapolação informal:

'Isso não significa que consumir esses alimentos seja capaz de reduzir o tempo de vida, mas sim que o consumo frequente pode reduzir o tempo de vida com saúde. A afirmação é mais mito do que dado rigorosamente comprovado'.

Riscos reais do consumo frequente

Embora a relação direta com 'minutos de vida' seja questionável, os riscos de comer biscoito recheado todos os dias são bem documentados. Esses alimentos ultraprocessados são ricos em açúcar, gordura saturada e aditivos químicos, mas pobres em nutrientes essenciais.

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Estudos recentes reforçam a preocupação:

Uma meta-análise de 2025 apontou que pessoas que consomem mais ultraprocessados têm 15% maior risco de mortalidade por todas as causas.

Cada aumento de 10% na ingestão desses produtos está associado a 10% a mais de risco de morte.

Pesquisas longitudinais publicadas no BMJ mostraram que quem consome cerca de 7 porções/dia (em comparação a 3) apresenta 4% maior risco de mortalidade geral e 9% maior risco de morte por doenças neurológicas.

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Além disso, há associações com obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e até envelhecimento biológico acelerado.

Conclusão

A ideia de que um biscoito recheado “rouba” 39 minutos de vida é, na prática, um mito viral. O que a ciência aponta de forma consistente é que o consumo frequente de ultraprocessados reduz a qualidade e a expectativa de vida saudável, aumentando o risco de diversas doenças crônicas.

Comer ocasionalmente não representa grande perigo. O problema está na frequência e no excesso, que podem, de fato, cobrar um preço alto ao longo dos anos.

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