Cotidiano

Biólogo registra lagarto 'mutante' com dois rabos em Peruíbe; entenda o fenômeno

Esses répteis são diurnos, oportunistas e onívoros, alimentando-se de frutas, insetos, pequenos vertebrados e até carniça

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 29/10/2025 às 19:00

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Teiú pertence ao gênero Tupinambis (família Teiidae) e está entre os maiores lagartos das Américas / Bruno Lourenço/Divulgação

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Um lagarto-teiú (Tupinambis teguixi) com dois rabos chamou a atenção de moradores de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. A cena inusitada foi registrada pelo biólogo Bruno Lourenço, que fotografou o animal nos fundos de sua casa, no bairro Jardim Veneza, área próxima a dois rios e à preservada Serra dos Itatins.

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“Não é mutação radioativa nem algo de Chernobyl”, brinca o biólogo. A explicação, segundo ele, é biológica e perfeitamente natural.

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Por que o lagarto tem dois rabos?

O fenômeno é resultado de um processo chamado autotomia, comum em lagartos e lagartixas. Trata-se da capacidade de soltar parte do corpo — geralmente a cauda — para escapar de predadores.

“Essa má-formação acontece quando o lagarto sofre uma lesão, seja em brigas por território ou ao tentar escapar de um predador. Ele tenta soltar a cauda, mas ela não se desprende completamente. Fica presa por um pedacinho de pele ou carne, e uma nova cauda cresce ao redor da antiga”, explicou Bruno Lourenço.

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O resultado, segundo o biólogo, é o curioso aspecto de duas caudas fundidas, uma formação rara na natureza.

 O teiú pertence ao gênero Tupinambis e está entre os maiores lagartos das Américas, podendo atingir até 2 metros de comprimento (Bruno Lourenço/Divulgação)
O teiú pertence ao gênero Tupinambis e está entre os maiores lagartos das Américas, podendo atingir até 2 metros de comprimento (Bruno Lourenço/Divulgação)
Esses répteis são diurnos, oportunistas e onívoros, alimentando-se de frutas, insetos, pequenos vertebrados e até carniça (Bruno Lourenço/Divulgação)
Esses répteis são diurnos, oportunistas e onívoros, alimentando-se de frutas, insetos, pequenos vertebrados e até carniça (Bruno Lourenço/Divulgação)
O nome científico do gênero Tupinambis é uma homenagem aos tupinambás, povo indígena que habitava o litoral brasileiro (Bruno Lourenço/Divulgação)
O nome científico do gênero Tupinambis é uma homenagem aos tupinambás, povo indígena que habitava o litoral brasileiro (Bruno Lourenço/Divulgação)

Registro em Peruíbe

Bruno conta que o animal aparece com frequência no quintal, possivelmente atraído por ovos de galinhas e patos que a família cria no local. Ao ver o lagarto com dois rabos, o pesquisador se surpreendeu:

“Fiquei feliz e surpreso, porque é uma situação muito difícil de observar. Eu mesmo só tinha visto casos assim na faculdade. Geralmente, quando o processo não dá certo, a parte presa acaba caindo ou se decompõe. É raro que a cauda antiga permaneça e a nova cresça junto.”

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Conheça o teiú, o “gigante” entre os lagartos brasileiros

O teiú pertence ao gênero Tupinambis (família Teiidae) e está entre os maiores lagartos das Américas, podendo atingir até 2 metros de comprimento.

Esses répteis são diurnos, oportunistas e onívoros, alimentando-se de frutas, insetos, pequenos vertebrados e até carniça. Todas as espécies do gênero possuem parte de sua distribuição no território brasileiro.

Entre as principais espécies estão:
•    Teiú-branco (Tupinambis teguixin)
•    Teiú-argentino ou vermelho (Tupinambis rufescens)
•    Teiú-palustre (Tupinambis palustris)
•    Teiú-comprido (Tupinambis longilineus)
•    Teiú-mascarado (Tupinambis duseni)
•    Teiú-de-quatro-linhas (Tupinambis quadrilineatus)
•    Teiú-comum ou teiú-grande (Salvator merianae)

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O nome científico do gênero Tupinambis é uma homenagem aos tupinambás, povo indígena que habitava o litoral brasileiro.

Curiosidade

Autotomia é a automutilação de um animal para escapar de predadores, quando ele se livra de uma parte do corpo que pode ser regenerada ou não. 

É uma estratégia de sobrevivência, como a perda da cauda em lagartos para distrair o predador, permitindo que o animal fuja. Exemplos comuns ocorrem em lagartos, caranguejos, aranhas, estrelas-do-mar e polvos.

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Em casos como o do teiú de Peruíbe, o tecido lesionado cicatriza e estimula o crescimento de uma nova cauda, sem que a anterior seja totalmente reabsorvida.

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