Cotidiano

Biólogo dá dicas de oferendas que não poluem o meio ambiente

Umbandista explica a importância de pensar no ecossistema ao realizar entregas para os orixás

Vanessa Pimentel

Publicado em 14/06/2020 às 11:00

Atualizado em 14/06/2020 às 11:28

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Derivadas do petróleo, as velas ainda são um problema. Hoje já existem velas feitas de ceras naturais, mas são mais caras e difíceis de encontrar / MAYKON CANESIN/ARQUIVO PESSOAL

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Pedro Trasmonte é biólogo e gestor ambiental. Nasceu em uma família umbandista e aprendeu desde cedo as práticas que fazem parte dessa estrutura religiosa, entre elas, as entregas feitas aos orixás como forma de recorrer ao sagrado, buscar forças, proteção e, principalmente, agradecer.

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Quando concluiu a faculdade de Biologia, em 2011, percebeu o quanto itens usados em oferendas podem agredir o meio ambiente. “A umbanda busca 100% das suas forças na natureza, então não faz sentido poluir o que é sagrado com coisas que levam anos para se decompor”, diz ele.

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Sabendo que, para o mundo espiritual o que importa é a energia e a conexão de cada agradecimento, levou o questionamento para o terreiro que frequenta e teve apoio, inclusive, de irmãos de outros centros que também são da área ambiental.

Trasmonte explica que as oferendas são feitas nos chamados ‘campos sagrados’ ou ‘campos de força’, que são as praias, as matas, cachoeiras, ou seja, em meio à natureza, onde a vibração do astral é mais forte.  

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“Essas entregas fazem parte dessa cultura religiosa e do cotidiano do umbandista, assim como a missa para o católico. Todos os itens oferecidos às entidades têm um sentido, nada é à toa”.

A vela, por exemplo, simboliza o elemento do fogo, da purificação e da luz. Já a bebida retrata a água presente no corpo humano e no planeta. O tabaco representa os elementos da terra e da estabilidade. São tradições antigas, de um tempo onde pouco se falava em consciência ambiental.

“Sempre foi comum levar champanhe para oferecer ao orixá no Ano Novo e deixar a garrafa na praia, mas isso degrada a natureza, que é a casa do orixá. O mundo mudou e a religião precisa evoluir junto”, diz Trasmonte.

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REDE SOCIAL

O biólogo tem uma página no Instagram chamada @cultivesuafé, onde vende produtos religiosos e fala sobre a umbanda. Decidiu aproveitar o 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para fazer uma live e propor uma reflexão sobre os itens usados nas oferendas e o tempo que eles permanecem poluindo a natureza.

O conteúdo mostra substituições fáceis de fazer. O barco de Iemanjá não precisa ser de isopor, material que leva anos para se decompor. Ele pode ser feito de papel, que se desfaz em semanas, e pintado com tinta guache, que dilui na água. Também não é preciso colocar bebidas em copos plásticos, basta despejar o líquido na terra ou na areia e descartar a garrafa no lixo reciclável.

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O maior problema ainda são as velas. Feitas de parafina, um derivado do petróleo, são prejudiciais ao ecossistema. Segundo o biólogo, já existem velas feitas de ceras naturais, como a cera de carnaúba, mas são mais caras e difíceis de encontrar.  

“As únicas coisas que podemos deixar são as flores e as frutas porque elas são matéria orgânica e dissolvem facilmente”.

Pedro alerta que o zelo com a natureza precisa ser aplicado em todos os hábitos, não só os religiosos. “Todas as nossas ações impactam o meio ambiente. Precisamos mudar as nossas atitudes em casa, na religião e estimular esse olhar em quem está à nossa volta. Assim vamos nos elevando como sociedade e caminhando para um futuro melhor”.

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