Cotidiano

Barco naufragado há mais de 150 anos retorna à superfície em mar brasileiro

Submersos por mais de um século, os destroços pertencem ao vapor Galgo, navio que serviu ao Império do Brasil durante a Guerra do Paraguai

Ana Clara Durazzo

Publicado em 12/06/2025 às 13:30

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Segundo os registros, o Galgo partiu de Macaé em direção à cidade do Rio de Janeiro, transportando milho, café e 15 passageiros / @jornalfolhadebuzios/ Reprodução

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Nos últimos dias, frequentadores da Orla Bardot foram surpreendidos com a aparição de restos de uma antiga embarcação entre as praias do Canto e da Armação. Submersos por mais de um século, os destroços pertencem ao vapor Galgo, navio que serviu ao Império do Brasil durante a Guerra do Paraguai e que naufragou na costa fluminense em setembro de 1874.

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A identificação da embarcação foi confirmada pela Secretaria de Cultura de Búzios, por meio do Centro Municipal de Memória. Segundo os registros, o Galgo partiu de Macaé em direção à cidade do Rio de Janeiro, transportando milho, café e 15 passageiros.

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Durante o percurso, o navio começou a apresentar infiltrações, forçando o comandante a encalhá-lo na praia da Armação. Todos os ocupantes foram resgatados sem ferimentos e a carga, comercializada ainda no local.

Quatro dias após o acidente, uma comissão técnica avaliou as condições do casco e concluiu que o resgate da embarcação era inviável. Na época, o vapor, avaliado em 80 mil contos de réis, foi leiloado por apenas 1.200 contos. Mesmo após décadas submerso, parte do material ainda foi saqueado por moradores e exploradores.

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O episódio teve um desfecho trágico: o comandante do Galgo, Antônio Gonçalves Tinoco Júnior, responsabilizado pelo naufrágio, cometeu suicídio poucos dias depois. A tragédia ainda alimenta histórias de fantasmas e lendas locais, ligadas a uma casa próxima ao local do encalhe.

Fenômeno natural pode ter revelado os destroços

O reaparecimento dos destroços coincidiu com a mudança da fase lunar de Quarto Minguante para Nova, às 0h02 do dia 27 de maio, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Especialistas explicam que, durante as luas Nova e Cheia, o alinhamento entre Sol, Terra e Lua intensifica as marés.

A chamada Super Lua Nova, embora invisível a olho nu, pode ter influenciado o recuo das águas e a exposição da estrutura do navio. A hipótese, no entanto, ainda não foi oficialmente confirmada.

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De embarcação comercial a navio de guerra

Construído com cerca de 12 toneladas, o vapor Galgo operou sob diversas empresas nacionais, como a União Fluminense e a Companhia Brasileira de Paquetes a Vapor. Durante a Guerra do Paraguai, foi fretado pelo governo imperial para transporte de tropas entre Buenos Aires e Montevidéu, chegando a embarcar 502 soldados em uma única missão.

Em 1866, o navio também participou de uma operação de resgate no litoral uruguaio, salvando os tripulantes do brigue português Chile, naufragado em Ponta Negra. No fim do conflito, coube ao Galgo trazer de volta ao Brasil o príncipe Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, marido da princesa Isabel.

Mais de 150 anos depois, o reencontro com os destroços do Galgo*devolve à superfície um fragmento da história naval brasileira e desperta a memória de um passado que, por muito tempo, permaneceu submerso.

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