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Cotidiano

Baixada Santista se mobiliza para ajudar os desabrigados

A quadra da União Imperial foi um dos primeiros locais a abrir as portas para receber os desabrigados

Vanessa Pimentel

Publicado em 04/03/2020 às 07:00

Atualizado em 04/03/2020 às 11:23

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Quem quiser doar, faltam colchões, produtos de higiene, fraldas descartáveis, leite e achocolatado / Nair Bueno/DL

Eram quase 23h de segunda-feira (2) quando o telefone de Luiz Alberto Martins, o Pelé, tocou. Do outro lado da linha o presidente da Sociedade de Melhoramentos do Bairro do Marapé, em Santos, pedia ao colega um favor urgente: a abertura dos portões da quadra da Escola de Samba União Imperial para abrigar pessoas em situação de risco no Morro do Marapé.

Pelé, presidente da escola, não pensou duas vezes. Foi para o galpão ajeitar tudo para receber os vizinhos desabrigados pelas fortes chuvas que atingiram a Baixada Santista e, segundo as previsões meteorológicas, só devem diminuir na quinta-feira (5).

O barracão foi casa de pelo menos quatro famílias e seus bichos de estimação durante a madrugada de segunda para terça-feira (3). "Não seria justo não autorizar a permanência dos cachorros do pessoal", explica Pelé. Todos desceram o morro ao perceberem água barrenta em queda livre pelas ladeiras e pedras rolando nas encostas.

Ontem, quando amanheceu, as pessoas voltaram para suas residências para pegarem documentos e roupas, mas retornaram à quadra pois, de acordo com a Defesa Civil, seus lares não estão seguros ainda.

"Agora é esperar o tempo melhorar pra ver se nossa casa vai estar inteira e sem risco de cair", conta Franciele Oliveira, de 35 anos, mãe de quatro filhos. Todos vão continuar abrigados no barracão até que a situação melhore. Se a casa onde mora por dois anos for condenada, ela diz não saber o que fazer.

"Minha mãe mora no Canal 1, mas não aceita meus animais de estimação e eu não vou abandonar eles", e mostra seu gatinho e um filhote de cachorro. Os filhos de Franciele são pequenos e já perderam muita coisa, é compreensível que não queiram perder também os amigos de quatro patas.

Nayara Roberto dos Santos, 22 anos, é outra moradora do Morro do Marapé que precisou deixar a casa para trás. No fim da tarde de ontem, foi convencida a passar um tempo na quadra até que seja seguro voltar. Desceu com suas três filhas sem saber quando a rotina vai voltar ao normal. "É difícil abandonar tudo. Eu não queria sair, só fiz isso quando uma parte de terra deslizou bem do lado do quintal", explica. 

Até o início da noite de terça-feira, a quadra já abrigava 17 pessoas, mas tem capacidade para receber cerca de 50. "A previsão é que nas próximas horas muita gente venha pra cá. Temos cozinha, banheiros, colchão, chuveiro quente. Estamos preparados para ajudar e elas podem ficar aqui o tempo que for necessário", disse Pelé.

Doações

O local também está recebendo doações. De acordo com Andrea Carneiro, vice-presidente da União Imperial, roupas e sapatos já são suficientes. Faltam roupas de cama, colchões, produtos de higiene, fraldas descartáveis do P ao G, leite e achocolatado.

Quem quiser doar, pode levar os materiais na quadra, que fica na Rua São Judas Tadeu, 20/26.

Além de Santos, São Vicente e Guarujá foram bastante impactadas pelo temporal.

No site das prefeituras é possível encontrar a relação de todos os locais que estão recebendo doações e como ajudar.

Até o fechamento desta reportagem ainda não havia o número total de desabrigados na região, mas só em Guarujá, ao menos 200 pessoas estavam nesta situação. Em Mongaguá, 68 e em Peruíbe, 65.

As chuvas deixaram 17 mortes e 33 desaparecidos.

Outros abrigos

Em nota, a Prefeitura de Santos informou que mantém seis abrigos.

A Reportagem do Diário visitou um dos locais, mas foi informada que as famílias ainda não estavam porque passavam por um processo de triagem. (Vanessa Pimentel)

 

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