Ave com som mais potente do mundo e ameaçada de extinção pode ser vista no litoral

Muito conhecida pelo nome, mas pouco visualizada pela maioria das pessoas, a Araponga (Procnias nudicollis) pode ser vista em grande parte do litoral de São Paulo, principalmente nos dias mais frios e na frutificação de árvores como o Palmito Jussara, que faz com que ela desça a serra em busca desse alimento.

Ela é inconfundível tanto na coloração quanto no seu canto, que é considerado um dos mais potentes dentre todas as espécies de aves do mundo e, por isso, pode ser ouvido ao longe. Infelizmente, a ave está ameaçada de extinção na lista da IUCN, classificada como Vulnerável (VU).

Os machos adultos desta espécie são predominantemente brancos, com os lados da cabeça e garganta de cor verde, enquanto a fêmea adulta tem a parte superior verde-oliva, com a cabeça predominantemente cinza e de tamanho um pouco menor que o macho. Os imaturos são parecidos com a fêmea.

O portal Wikiaves traz uma curiosidade a respeito dos jovens dessa espécie, dizendo que eles levam alguns anos para aperfeiçoar sua voz, e seu grito rouco e pouco coordenado soa de forma engraçada entre as dezenas de vozes mais maduras que ecoam pela floresta.

“Apenas o macho vocaliza, e este, ao competir nas arenas com outros machos, emite seu chamado mais característico. Ao avistar uma fêmea nas proximidades, ele então passa a vocalizar uma sequência de notas menos potentes e com curtos intervalos, para então, no final, emitir um fortíssimo e retumbante 'martelar'.”

Ouça o som:

A araponga se alimenta principalmente de frutos, especialmente os das palmeiras, como a Jussara. É uma grande dispersora de sementes na natureza e, por isso, é muito importante para a floresta. O poder germinativo das sementes não é prejudicado ao passar pelo trato digestivo dessas aves, podendo ser, inclusive, maximizado.

A fêmea da Araponga bota cerca de dois ovos por ninhada, sendo que os filhotes saem do ninho com cerca de 27 dias de vida. Todo o cuidado fica para ela, inclusive o ato de construir o ninho até a criação dos filhotes. Tem um comportamento bastante social no grupo, que tem moradia fixa em árvores, na maioria dos casos nas emergentes (acima do dossel), podendo passar muitos anos habitando uma mesma área, até mesmo por várias gerações de uma mesma família.

É uma ave migratória. Vive na mata primária, floresta preservada, capoeiras com fruteiras, matas litorâneas e Mata Atlântica. Ocorre de Pernambuco até o Rio Grande do Sul, passando por Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e regiões vizinhas da Argentina e Paraguai.

No litoral de São Paulo, já foi registrada em todas as cidades, com exceção de São Vicente e Santos. A captura ilegal da araponga em vida livre e a crescente destruição de seu habitat são os principais motivos de ameaça à sobrevivência da espécie.

Recentemente, duas aves ameaçadas de extinção foram encontradas na área onde será construído o novo CT do Santos, em Praia Grande, por um grupo de biólogos e observadores de aves da região.

O empreendimento é alvo de protestos de ambientalistas que tentam defender 90 mil metros de mata atlântica e o entorno do Parque Estadual Xixová-Japuí.