As rochas recolhidas em Bennu, datadas de mais de 4,5 bilhões de anos, são remanescentes da formação do Sistema Solar / NASA/Goddard/University of Arizona
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Um cenário que parece saído de filmes de ficção científica tem base científica real: o asteroide Bennu, do tamanho de um arranha-céu, tem risco de colidir com a Terra em 24 de setembro de 2182. Segundo pesquisadores, a energia liberada seria equivalente a 22 bombas atômicas, capaz de causar destruição regional e efeitos globais, dependendo do ponto de impacto.
Embora a chance estimada seja baixa, cerca de 0,07%, o alerta mantém a comunidade científica em mobilização.
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A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) atua para evitar o pior cenário. Desde 2016, a agência conduz a missão OSIRIS-REx, que visitou Bennu em 2020, coletou amostras e trouxe o material de volta à Terra em 2023. A iniciativa tem dois objetivos principais: estudar a composição do asteroide e refinar os cálculos de sua trajetória, permitindo estratégias mais precisas de defesa planetária.
A missão marca um passo importante na capacidade da humanidade de responder a ameaças vindas do espaço — um desafio que já não pertence apenas ao cinema.
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Os primeiros resultados das análises surpreenderam os cientistas. As rochas recolhidas em Bennu, datadas de mais de 4,5 bilhões de anos, são remanescentes da formação do Sistema Solar. Entre os materiais encontrados, estão carbono, nitrogênio e compostos orgânicos fundamentais para a vida, como fosfato de magnésio-sódio — além de minerais como serpentina, geralmente associados à presença de água.
'A presença e o estado dos fosfatos sugerem um passado aquoso para Bennu', afirma Dante Lauretta, líder da missão. 'Ele pode ter feito parte de um mundo mais úmido. Mas essa hipótese ainda precisa de mais estudos.'
As descobertas reforçam teorias de que asteroides ricos em água e elementos orgânicos podem ter contribuído para o surgimento da vida na Terra, ao 'entregar' ingredientes essenciais durante impactos no passado remoto.
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Diâmetro: ~490 metros
Órbita: cruza o caminho da Terra a cada 1,195 anos
Energia potencial de impacto: até 22 bombas atômicas
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Janela de risco: entre 2169 e 2199
Data de maior probabilidade: 24 de setembro de 2182
Bennu se desloca lentamente em direção à Terra devido ao efeito Yarkovsky — fenômeno em que a radiação solar altera gradualmente a trajetória de corpos no espaço. Isso torna necessário acompanhar sua órbita com precisão ao longo das próximas décadas.
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A coleta de amostras é apenas a primeira etapa de uma estratégia global para desviar Bennu caso a rota de colisão se confirme. A NASA já testou técnicas de defesa espacial na missão DART, que alterou a órbita de outro asteroide em 2022, e Bennu pode ser o próximo alvo prático desse tipo de engenharia.
Embora o possível impacto esteja a mais de 150 anos de distância, cientistas explicam que ações preventivas precisam começar séculos antes para evitar medidas emergenciais de alto risco.
A Cratera Barringer, no Arizona, formada por um impacto há cerca de 50 mil anos, serve de alerta concreto para o poder destrutivo de objetos celestes. Bennu, contudo, representa tanto uma ameaça futura quanto uma janela para o passado primordial do Sistema Solar.
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Para os pesquisadores, a missão OSIRIS-REx pode ser lembrada no futuro por dois motivos:
ajudar a salvar a Terra e revelar como a vida pode ter começado aqui.