14 de Outubro de 2024 • 08:02
“Solta. Vou atirar, vou atirar”. Com uma arma na cabeça e tentando segurar a bolsa, uma senhora ficou entre a vida e a morte na última quarta-feira (15), às 13h50, dentro de uma loja de doces na Avenida Afonso Pena, em frente à Policlínica do Embaré, bairro que vem sendo alvo constante da ação de marginais. Eles agem em plena luz do dia. Chegam de bicicleta e armados. A ação leva em média cinco minutos.
A proprietária do comércio, que pediu para não ser identificada, infelizmente, já perdeu as contas de quantas vezes viu seus clientes passarem por essa situação. Por sorte, a senhora saiu viva e ainda conseguiu manter a bolsa, mas a comerciante perdeu um celular e o dinheiro do caixa. “O dono da banca ao lado já foi baleado e a farmácia que fica na quadra adiante é constantemente assaltada. O mesmo ocorre com uma loja de revenda de cartuchos de impressora a poucos metros da minha”, enumera.
Em apenas uma hora, a Reportagem descobriu seis casos de assaltos no bairro, que tempos atrás era sinônimo de tranquilidade. Cada vítima apontava outra a seguir. Na Rua Benjamin Constant, outra comerciante vive apreensiva. “No meu caso, o assalto aconteceu por volta das 16 horas. Eram dois em uma bicicleta e estavam armados. Acredito que ambos eram maiores. Levaram dinheiro e celular, mas queriam ouro também”, lembra.
Seguidamente, o proprietário de duas padarias — uma na Avenida Senador Dantas com a Rua Torres Homem e outra na Avenida Afonso Pena — perdeu dinheiro com assaltos. Seus funcionários ficaram sem os celulares. As ações ocorreram no domingo (12) e na segunda-feira (13), respectivamente às 21h50 e 21h20. No primeiro caso, um cliente foi rendido enquanto os marginais faziam ‘a limpa’. “Até moedas levaram. No outro caso, no momento que o caixa era rendido, o marginal abriu a geladeira e pegou um suco, enquanto vigiava a porta. Um absurdo”, disse um funcionário.
Violência no Embaré preocupa a Câmara
O aumento desenfreado da criminalidade, com ataques frequentes no Embaré e uma sequência de assaltos, furtos e roubos, chegou à Câmara de Santos pelas mãos do vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB), que espera ações rápidas por parte do Comando de Policiamento da Área 6 (CPA/6) da Polícia Militar.
“Os furtos e roubos ocorrem a qualquer hora, do dia ou à noite, sem que se observe, por parte do Comando Maior da PM na região, ações preventivas e repressivas. Os moradores estão reclusos em suas casas e apartamentos, veículos nas ruas amanhecem sobre cavaletes, pois as rodas e acessórios são subtraídos”, afirma o parlamentar.
Banha revela que pais ficam preocupados com relação à segurança física dos filhos durante o percurso escolar. A situação é tão caótica que evidencia uma continuidade delitiva de marginais. “Vale dizer que o Embaré é uma região inteira sob o domínio do medo”.
“Não podemos permitir que um bairro tão importante, de população ordeira e trabalhadora, seja transformado em terra sem lei e sem ordem. Esperamos que o Comando tome providências urgentes, retomando as operações que costumeiramente eram realizadas, de forma profissional, planejada e com a eficiência que nossos policiais têm”, conclui Banha.
O DL tentou obter uma resposta do Comando da Polícia Militar (PM). A Reportagem perguntou se o Comando tem ciência da situação; o que foi feito até agora para minimizá-la e o que será feito em caso de não saber de nada. Até o final da tarde de ontem, nenhuma resposta foi encaminhada.
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