Cotidiano

Árvores ganham 'roupinhas' de crochê em Santos

Coordenadora do Projeto Arte em Fios com a amiga Simone, Daniele afirma que seu objetivo é levar a arte à cidade.

LG Rodrigues

Publicado em 30/11/2019 às 08:48

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Amigas conseguiram obter permissão para tirar projeto do papel. / DIVULGAÇÃO/PORQUE CROCHÊ

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Um presente para Santos. É assim que uma artesã da cidade classifica o seu trabalho que consiste em envolver as árvores de alguns bairros do município com peças de crochê em uma intervenção urbana conhecida como 'yarn bombing', uma 'explosão de fios', numa tradução livre.

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As criações de Daniele dos Santos Siqueira já podem ser observadas na Praça dos Expedicionários, logo ao lado da Estação Cidadania. O movimento já é grande conhecido do público de outros Estados e países, mas esta é apenas a primeira vez que um profissional utiliza, em grande escala, a técnica em algum ambiente urbano de Santos.

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A autora da 'explosão de fios' ocorrida no bairro do Gonzaga afirma que ama fazer crochês e começou a se interessar pela prática durante os anos 90, quando ainda tinha 13 anos de idade.

"Eu tenho 37 anos, mas já 'crocheto' há 24 anos, depois que, num belo dia, quando eu tinha meus 13 anos, eu pedi para a minha mãe um biquíni e ela disse que não tinha condições de me dar e me pediu para ir na padaria comprar o pão. No meio do caminho até a padaria vi uma moça sentada em uma cadeira de praia na calçada fazendo um tapete de crochê e segui meu caminho pensando naquilo. Na volta eu fui até ela e perguntei se ela me ensinaria a fazer crochê e ela aceitou, tirei os chinelos, coloquei nos pulsos, fui correndo a toda velocidade até em casa, deixei o pão, voltei e a moça me ensinou tudo o que sabia. Ali nasceu a 'crocheteira Daniele'", afirma.

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Coordenadora do Projeto Arte em Fios, em conjunto com a amiga Simone Martins, Daniele afirma que seu objetivo é levar a arte a pontos da cidade, seguindo calendário de datas comemorativas com a tendência do movimento 'Yarn Bombing'.

As intervenções se tratam de manifestações organizadas com o propósito de transmitir mensagens e são um tipo de arte que tem o objetivo de questionar e transformar a vida cotidiana ao recriar paisagens.

"Estou há mais de um ano conversando com a secretaria do meio ambiente e MSC para tocar este projeto, mas devido à legislação da secretaria de paisagismo e urbanismo as únicas datas em que fui permitida de fazer o 'encape' nas árvores, ou seja, colocar os enfeites, é de 15 de novembro a 15 de janeiro, fora isso, não posso encapar a vegetação", afirma.

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Ela deixa claro que não é qualquer pessoa que pode enfeitar as árvores devido a trâmites que devem se passar em conjunto com a Prefeitura de Santos. Atualmente, Daniele possui um ateliê no Boqueirão onde ela dá aulas para suas alunas que vão atrás de uma terapia e lazer.

"Sou muito feliz como professora, sou realizada. Faço parte do grupo Frontaria Azulejada, que reúne alguns dos melhores profissionais de artesanato de toda a cidade e participamos de diversos eventos como, por exemplo, o Festival do Café".

E foi em conjunto com a amiga Simone Martins, convidada por Daniele para ajudar nos trabalhos de encape das árvores de Santos, que a artesã realizou um sonho.

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"Por que que eu pensei nesse projeto? Eu queria mostrar pra vocês todos, pra cidade, para todos os santistas, o meu trabalho e mostrar pra todos quem eu sou. Queria fazer algo que realmente presenteasse o caiçara. Eu vejo mais isso como uma diversão do que meu trabalho, dou muitos presentes e queria dar para a cidade inteira um presente meu e nesse ano eu consegui isso".

Todo o trabalho feito foi realizado com material de fio de malha, ou seja, resíduo da indústria têxtil.

"Os retalhos da indústria que iriam para o lixo não vão mais, eles são direcionados para outra fábrica que recortam esses retalhos em formas de fio, fazem os rolos e são vendidos para os artistas. É um material 100% sustentável, algo que ia se tornar lixo e virou arte. Sustentabilidade não é mais tendência, é regra".

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E quem quiser conhecer o trabalho da artesã pode encontrar todos os detalhes em sua página 'PorqueCrochê' no link www.facebook.com/porquecroche ou em ateliê na Rua Alberto Baccarat, 67. Já as intervenções nas ruas vão continuar chegando a outras praças nos próximos dias, mas, por hora, a Praça dos Expedicionários é o ponto certo para se encantar com o trabalho de Daniele.

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