X

Cotidiano

Área do Terminal Pesqueiro Público de Santos só pode utilizada para a Pesca

Deputado Paulo Corrêa Júnior alertou MP que o destino está previsto no artigo de decreto federal de 2004

Carlos Ratton

Publicado em 05/02/2019 às 08:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

As instalações e área do Terminal Pesqueiro estão resguardadas só para atividades do segmento / Nair Bueno/DL

A área da Ponta da Praia, onde a Prefeitura de Santos pretende construir o Centro de Atividades Turísticas (CAT) e que terá um novo centro de convenções - uma parceria público privada com o Grupo Mendes, avaliada em R$ 130 milhões - não pode ser utilizada para outras atividades senão as voltadas à pesca. A informação consta na representação protocolada pelo deputado Paulo Corrêa Júnior (PEN), no Ministério Público (MP). O parlamentar se baseia no artigo 6º, do Decreto Federal 5.231/2004.

Segundo o artigo, na área do Terminal Pesqueiro Público somente poderão ser realizadas as seguintes atividades: descarga, transporte, manuseio, classificação e pesagem; beneficiamento, comercialização, estatística e armazenagem de pescado, inclusive de gelo; infraestrutura para embarcações pesqueiras; aproveitamento de resíduos; formação e qualificação de trabalhadores; serviços bancários, comunicações e ambulatoriais para usuários do terminal e de fiscalização e inspeção, realizadas pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência.

“Ainda que se comprove que o terreno é da União, ele não pode ser concedido ao Município de Santos visto que sua finalidade não pode ser alterada. Além disso, existe a duplicidade de documentação e a ausência de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), previsto na Lei Complementar Municipal 793/2013”, afirmou ontem Paulo Corrêa Júnior.                        

O deputado questiona que a área pode não ser da União porque o Governo do Estado apresentou duas escrituras, uma de cinco mil e outra de 11 mil metros quadrados. A Assembleia autorizou inclusive a venda da área. Tudo teria sido realizado em um cartório que se encontra sob investigação. Corrêa pede que o MP impeça o início das obras até que tudo seja esclarecido.

A Prefeitura esclarece que prestará, no prazo determinado, todas as informações solicitadas pelo Ministério Público Federal, em razão da representação apresentada pelo deputado e adianta que todos os procedimentos seguiram rigorosamente os trâmites legais, com fundamento em certidões de matrícula dos imóveis registradas em cartório e instrumento de cessão emitido pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU), inscrita no documento como proprietária da área. Documentos, registre-se, que gozam de fé pública.

Sobre o decreto, o entendimento jurídico da administração é de haver falha na interpretação da norma por parte do representante, pois não cuida especificamente de terminais de pesca de Santos e da área citada, e sim de caráter geral para delimitação das atividades que poderão ser realizadas em terminais pesqueiros públicos.

MPF vai fiscalizar obras da relativas ao projeto

Paralelamente a ação do parlamentar, o Ministério Público Federal (MPF) em Santos anunciou a investigação, pelo prazo inicial de um ano, do andamento das obras do projeto, que também envolve a construção de um novo mercado de peixe e reforma de dois pontos turísticos da cidade: o Deck do Pescador e a Ponte Edgard Perdigão, atracadouro de onde saem barcos turísticos e para as praias do Gois e Sangava, no Guarujá. As obras também contemplam a construção de um novo mirante em frente ao mar, rampas náuticas e de mudanças viárias para facilitar o fluxo de carros e pedestres.

Segundo o MP, não há qualquer menção a realização de audiências públicas necessárias antes do início de projetos. O projeto também ignora que parte das intervenções que promete ocorrem em área portuária, em terrenos de marinha, sobre os quais há evidente atribuição fiscalizatória do poder público e do Ministério Público Federal.

Responsável pela instauração do procedimento, o procurador da República em Santos Thiago Lacerda Nobre, que é também o Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de São Paulo, comunicou ao prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, por meio de ofício enviado na última sexta-feira (1/2), a instauração do procedimento, e requereu “informações detalhadas sobre as diretrizes adotadas pela Prefeitura para a celebração da parceria público privada,  bem como sobre a eventual realização de audiências públicas sobre as obras”.

O MPF requereu também ao prefeito cópias das atas e do procedimento administrativo que, supõe-se, deve ter sido instaurado para a celebração da parceria entre a Prefeitura de Santos e a construtora. O prazo dado pelo MPF para a resposta da prefeitura é de 20 dias.

A Prefeitura já se manifestou e defende que a área foi devidamente repassada ao Município pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e está localizada em um Núcleo de Intervenção e Diretrizes Estratégicas (Nide) disposto na Lei Municipal de Uso e Ocupação do Solo (Luos).

Quanto às audiências, várias reuniões já foram realizadas e outras estão programadas, com diversos segmentos da sociedade, incluindo moradores do bairro, comerciantes, permissionários do Mercado de Peixe. Durante os encontros, profissionais da Administração detalharam o projeto, esclareceram dúvidas e coletaram sugestões, que podem gerar  adaptações do empreendimento às necessidades da sociedade.

 

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cubatão

105 escrituras definitivas são entregues a moradores da Vila Natal, em Cubatão

Evento faz parte do processo de regularização fundiária que vem sendo implementado no município desde 2017

Santos

Grupo de caminhada em policlínica de Santos, irá recomeçar nesta quarta (24)

Ao chegar na policlínica, o munícipe será cadastrado na unidade para o acompanhamento da saúde

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter