Cotidiano

Após ressaca, moradores da Ponta da Praia criticam projeto para conter avanço do mar

Projeto pioneiro no País saiu por R$ 2,9 milhões, moradores questionam resultado e avenida segue invadida

Carlos Ratton

Publicado em 08/05/2020 às 07:00

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Antes, prefeitura dizia que geobags eram para conter ressaca, agora, serve para recompor areia / Nair Bueno/DL

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Quem percorreu a pé ou de carro a Ponta da Praia ontem sabe que as imagens falam por si. O projeto de instalação de geobags, fruto de uma parceria da Prefeitura de Santos com a Universidade de Campinas (Unicamp), para conter as ondas impedindo-as de ultrapassar as muretas e atingir a Avenida Saldanha da Gama, não deu o resultado esperado por moradores afetados pelos transtornos das ressacas. A Guarda Municipal chegou até a interromper o trânsito a partir da Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6).

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A barreira submersa com 49 geobags, colocada em formato de L, a estrutura perpendicular à praia, de 275 metros, instalada a partir da mureta na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, com função de diminuir a energia das ondas e mais a estrutura paralela à praia, de 240 metros de extensão, com objetivo de ajudar a armazenar areia, tem seus efeitos questionados, pois o mar ultrapassou o canteiro central e atingiu a calçada do outro lado da via.

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"É impressionante os gastos desnecessários realizados pela Administração em relação a essa contenção da Ponta da Praia. Divulgaram que não ocorreria mais transtorno e inundações da água do mar. São 13h30 e a água já atinge a região do Aquário. Ou seja, gastaram milhões para nada. A água continua invadindo as garagens dos prédios", diz o advogado Hemilton Carlos Costa.

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Custo

Vale lembrar que o custo da obra foi de R$ 2,9 milhões, repassados a Santos pelo Ministério Público Estadual, como resultado de uma multa ambiental aplicada por um acidente no Porto. Como no mês passado, a ressaca que começou ontem não destruiu as muretas, mas deixou moradores do prédio em frente apreensivos. Muitos levantam dúvidas sobre a efetividade do projeto.

O também advogado César Augusto, morador da Rua Carlos de Campos, disse que sempre que há ressaca, a rua enche. Revela que a água do mar não chegou a invadir a garagem do seu prédio, mas nos imóveis vizinhos foram instaladas comportas para evitar invasões e prejuízos aos veículos. "Mesmo assim, a água entra. Inclusive entrou este ano. Percebemos que os bags só seguram maré cheia. Quando ocorre ressaca, servem pra nada", dispara.

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A agitação marítima, ventos intensos e chuva de intensidade moderada a forte, decorrente do avanço de frente fria na região, provocou ondas de dois metros de altura, inundando as estruturas urbanas da Nova Ponta da Praia.

Há anos, a cidade tem investido em obras para tentar amenizar o impacto das ressacas e da alta da maré. Um desses investimentos foi a implantação da barreira de geobags - sacos de areia submersos instalados em 2018, na Ponta da Praia, com objetivo de conter a força das ondas. Em 2016, a água do mar entrou em diversos imóveis, pedras foram lançadas na via, que precisou ficar interditada por uma semana.

Prefeitura

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A Prefeitura afirma que os geobags não têm a função primária de impedir ressacas, mas proteger o trecho de praia onde estão colocados, permitindo que parte da areia que passa sobre eles se acumule e ajude a recompor a faixa de areia.

O professor doutor Tiago Zenker Gireli, da Unicamp, garante que os geobags acabam tendo um efeito "extremamente benéfico, porque as ondas perdem força". "Com o tempo e a ação dos bags, a praia crescerá novamente e provocará a arrebentação das ondas antes que atinjam as pedras", finaliza nota da Prefeitura (Carlos Ratton)

 

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