Cotidiano
Em uma história de superação, Sidney e Guilherme transformam o surfe em terapia e conexão diária, celebrando o Dia dos Pais com esperança e inspiração sobre as ondas
Pai e filho celebram um elo fortalecido com amor e uma motivação que os leva adiante, juntos, sobre as ondas: o surfe / Divulgação/PMS
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Há 15 anos, durante uma festa com amigos e a esposa, um jovem cheio de sonhos mergulhou em uma piscina e sofreu uma grave lesão na medula espinhal.
A partir dali, a vida dele — e de toda a família — tomou um novo rumo. Foi em busca de mais estrutura e qualidade de vida que eles se estabeleceram em Santos, onde o pai transformou o cuidado com o filho em missão diária.
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Neste domingo (10), Dia dos Pais, os dois celebram um elo fortalecido com amor e uma motivação que os leva adiante, juntos, sobre as ondas: o surfe.
Sidney Lisboa, 72 anos, nunca vai esquecer o dia em que a vida mudou. "Era um domingo. Eu estava almoçando em casa quando recebi a notícia. Foi um choque. Uma pancada", lembra.
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O filho, Guilherme Rigoni, hoje com 43 anos, estava em uma festa de aniversário com a mulher e amigos quando mergulhou de cabeça em uma piscina e bateu com força na parede lateral. "Senti um estalo, tentei mexer o corpo, mas não sentia nada. Aí escutei um barulho e apaguei. Quando acordei, ali na beira da piscina, começou tudo do zero", relembra.
Guilherme teve uma lesão grave entre a quinta e a sexta vértebras cervicais. O diagnóstico foi duro: lesão medular incompleta. A partir daquele dia, tudo mudou. A família inteira se uniu para garantir suporte, cuidado e dignidade no processo de reabilitação.
Foi Sidney quem mais assumiu a linha de frente pelo filho, que passou a morar em Santos. "Peço a Deus mais alguns anos de vida só para continuar ajudando ele. Porque ele depende de mim, e eu estou aqui”.
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O recomeço veio com o tempo — e com o passar das ondas do mar. Guilherme conheceu a Escola de Surfe Adaptado, no Posto 3, há 9 anos, e, com ela, redescobriu a alegria e o melhor de viver em Santos. Mas não foi sozinho. Primeiro, Sidney apenas acompanhava, mas logo os professores da escola o incentivaram a participar.
"Começaram a brincar comigo: ‘E aí, seu Sidney, vamos lá?’ Me deram uma prancha e me ajudaram. Agora, estou fazendo uma coisa que nós adoramos, especialmente ele. E para mim, é satisfatório", conta, sorrindo.
Hoje, pai e filho esperam ansiosamente a chegada da segunda-feira, dia da aula, faça sol ou chuva, para o que chamam de ‘higiene mental’. Mas, além do esporte, essa parceria é fortalecida pela troca constante de força, inspiração e amor.
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"Ele é um guerreiro, nunca reclama. A gente tem mais é que se espelhar nele", afirma Sidney. "Poucas coisas que a gente enfrenta na vida não são nada perto do que ele supera", completou o pai.
Para celebrar este dia, após recapitular cada momento dessa união, Guilherme deixa uma mensagem. “Que essa dupla seja eterna. Ele é o meu parceiro, sempre disposto a me acompanhar nas minhas loucuras: correndo, pedalando, remando, surfando. Obrigado, pai. Te amo, velhinho”.