A espécie Chelonia mydas pode levar mais de 30 anos para atingir a idade reprodutiva / Divulgação/GOV
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Uma tartaruga-verde, marcada pelo Projeto Tamar em Ubatuba, retornou, vinte e quatro anos depois, à praia em Fernando de Noronha para desovar.
Esta é a primeira ocorrência registrada pela Fundação Projeto Tamar de uma tartaruga marcada ainda jovem, numa área de alimentação, sendo reencontrada adulta numa área de desova.
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Em janeiro de 2001, a equipe do Tamar em Ubatuba foi chamada na Praia do Camburi, para registrar a captura acidental de uma tartaruga verde numa rede de cerco flutuante, armadilha de pesca artesanal tradicional na região.
Na época, ela pesava 13kg e o comprimento da carapaça media 49cm. Recebeu duas marcas metálicas numeradas nas nadadeiras anteriores e então foi devolvida ao mar.
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Vinte e quatro anos depois, ela foi novamente encontrada, com pouco mais do dobro do comprimento da carapaça (103cm), colocando ovos na Praia da Quixabinha, em Fernando de Noronha.
Outra tartaruga-verde, marcada em 2010 na Praia do Forte, no litoral norte da Bahia, também foi identificada desovando em Fernando de Noronha.
Quando foi marcada, há 14 anos, ainda era jovem e media 79cm de carapaça.
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A Praia do Forte, além de ser a principal área de desova de tartarugas-de-pente no Brasil, também é uma área reprodutiva para outras três espécies de tartarugas marinhas e também uma importante área de alimentação para as tartarugas verdes.
Agora, com registros destas tartarugas desovando em Noronha, amplia-se ainda mais a compreensão sobre as migrações dessa espécie e os vínculos entre diferentes áreas costeiras brasileiras.
Não se sabe ao certo a idade das tartarugas, mas a espécie Chelonia mydas pode levar mais de 30 anos para atingir a idade reprodutiva.
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Neste ano, uma tartaruga da espécie Santa-Cruz foi mãe pela primeira vez aos 100 anos em um zoológico nos Estados Unidos.
Estudos de genética realizados no final dos anos 90, mostraram que as tartarugas verdes encontradas em Ubatuba compõem um chamado “estoque mixto”, reunindo tartarugas juvenis de origens diversas no Atlântico.
A maioria delas, nascidas na llha de Ascencion, a cerca de meio-caminho entre Brasil e o continente africano. Outras, provenientes de áreas de desova na llha de Trindade/ES, Atol das Rocas/RN, Fernando de Noronha/PE, Suriname, Venezuela e até mesmo no Caribe.
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Esses registros confirmam uma das origens das tartarugas verdes juvenis da costa brasileira e também trazem outras informações significativas para a pesquisa científica, como a durabilidade das marcas de aço-inox utilizadas, ratificando a validade desta metodologia em pesquisas de longo prazo.
Porém, para avançar nos estudos sobre estes animais são necessárias pesquisas de longa duração, com a padronização da metodologia de coleta de dados e o compartilhamento das informações.
A Fundação Projeto Tamar atua no monitoramento das capturas incidentais de tartarugas marinhas em pescarias costeiras de Ubatuba, desde 1991 e já devolveu ao mar mais de 12 mil tartarugas marinhas marcadas.
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Nos próximos anos, é esperado que outras situações como estas venham a acontecer, auxiliando os pesquisadores a compreender mais sobre as tartarugas e desta forma auxiliar na conservação destas espécies.
Esses registros também reforçam a importância do trabalho de monitoramento das tartarugas em áreas de reprodução, que a Fundação realiza há mais de 40 anos.