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Cotidiano

Após Brumadinho, cava subaquática em Cubatão volta a ser motivo de protestos na internet

Após rompimento de barreira, voltaram às redes sociais compartilhamentos sobre riscos de vazamento na Região

Vanessa Pimentel

Publicado em 29/01/2019 às 08:00

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Cava subaquática recebe os sedimentos retirados pela dragagem no canal de Piaçaguera, na Área Continental de Santos / Divulgação

O rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, fez voltar às redes sociais compartilhamentos de ambientalistas e profissionais da área que criticam a decisão da VLI, empresa de logística criada pela Vale e que opera um terminal na Baixada Santista, de depositar em uma cava subaquática os sedimentos retirados pela dragagem no canal de Piaçaguera, na Área Continental de Santos, divisa com Cubatão. De acordo com eles, caso ocorra um vazamento do material confinado, a Baixada Santista sofrerá com a contaminação de metais pesados.

Quando a área a ser dragada possui elementos de contaminação, como acontece no Canal de Piaçaguera, que por décadas recebeu poluentes vindos, principalmente, do Polo Industrial de Cubatão, são necessárias diversas análises ambientais e estudos para que a decisão sobre o processo escolhido de remoção e disposição dos sedimentos seja a mais segura.

E é exatamente este o ponto de conflito entre os ambientalistas que fazem parte do movimento “Cava é cova” e a empresa: eles questionam por que a VLI optou por manter em uma cratera dentro da água os sedimentos contaminados retirados pela dragagem, ao invés de depositarem as substâncias em um ambiente terrestre, controlado e com o tratamento e monitoramento adequados.

Cintia A. Labes, formada em biologia marinha e uma das lideranças do movimento, explica. “É muito mais seguro fazer o monitoramento desses resíduos em terra do que em meio aquático porque temos a todo instante as correntes, a movimentação da maré, ventos, ou seja, efeitos externos que fogem ao controle do homem, principalmente na hora de conter um possível vazamento”.

Quanto às comparações que começaram a surgir nas redes sociais entre a cava e o que ocorreu em Brumadinho, o consultor ambiental Élio Lopes e também representante do movimento, esclarece que o impacto, no caso de um vazamento, não pode ser comparado ao que houve em Minas Gerais.

“A forma de dispersão das substâncias confinadas na cava seria mais lenta e gradual, sem invasão de casas ou algo parecido. O prejuízo maior seria a contaminação do complexo manguezal por metais pesados e, consequentemente, à vida humana pelas doenças que um vazamento deste pode trazer”.

A prefeitura de Cubatão também se posicionou informando que a ligação entre os fatos ocorridos em Minas Gerais e a construção da cava é “descabida”.

VLI

Em entrevista ao DL, Alessandro Gama, representante da VLI, reforçou que a metodologia para construção de uma cava e de uma barragem é totalmente diferente, e não há ligação entre as duas situações.

Em relação à alternativa adotada pela empresa, Gama disse que a cava foi a escolhida porque era a mais rápida e não menos segura, já que o transporte do material dragado do canal até uma área em terra demoraria anos, o que aumentaria o risco de dispersão dos sedimentos.

“O risco de o material escapar existe apenas durante o processo de dragagem, ou seja, retirar o que já está confinado na cava aumentaria o risco de dispersão. O processo de dragagem de todo o trecho do canal foi feito em apenas quatro meses sem nenhum vazamento, o que é comprovado através das análises feitas na água, fauna e flora da região e entregues a CETESB”.

A dragagem e disposição do material já foram concluídas. A próxima e última etapa, prevista para este semestre, é o capeamento, ou seja, tampar a cratera submersa que mede 25 metros de profundidade por 400 metros de diâmetro. 

“A cava será coberta por terra de boa qualidade retirada do próprio canal. O monitoramento permanece mesmo após o fim de todo o procedimento”, diz.

Questionado sobre quais medidas seriam tomadas pela empresa caso acontecesse um vazamento do material confinado, Alessandro afirma que este risco não existe porque ele está aprisionado no subsolo, abaixo do leito do ­canal.

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