Xuxa levou mais de 100 mil pessoas à Praia do Gonzaga, em Santos / Foto ilustrativa / Imagem criada por IA/DL
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Nesta quarta-feira, dia 3, Xuxa anunciou sua turnê de despedida pelo Brasil, que terá início em 2026. Porém, no fim dos anos 90, Santos parou para ver de perto a “Rainha dos Baixinhos”.
Em 20 de fevereiro de 1998, a Praia do Gonzaga virou palco do primeiro show da turnê “Boas Notícias”, em uma noite que ainda hoje é lembrada por quem tomou sol, empurro e areia no chinelo só para ficar um pouco mais perto da nave.
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Desde cedo, a orla começou a mudar de cara. Barracas se misturavam a caminhões de som, técnicos montavam o palco de frente para o mar e famílias inteiras chegavam com cadeiras de praia, isopor e crianças de camiseta colorida. Havia quem viesse de outras cidades da Baixada Santista e até de regiões mais distantes do estado, em excursões organizadas apenas para ver Xuxa.
Quando a luz do dia foi baixando, o clima de praia de verão deu lugar a uma expectativa de estádio lotado. A areia virou arquibancada improvisada e o calçadão se encheu de gente de todas as idades, dos baixinhos de então aos adolescentes que tinham crescido com o “Xou da Xuxa” na TV.
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O número que ficou para a história impressiona: cerca de 100 mil pessoas tomaram conta da Praia do Gonzaga. Não havia telão em cada esquina nem rede social transmitindo ao vivo; para ver melhor, valia subir em muretas, sentar nos ombros de alguém ou simplesmente se guiar pelo som.
As primeiras notas ecoando pelo sistema de som fizeram o público esquecer o aperto. Quem estava ali sabia de cor a coreografia, mesmo sem enxergar o palco direito. A sensação era de evento coletivo, de festa da cidade: moradores nas janelas dos prédios, vendedores ambulantes circulando entre as famílias, crianças agitadas esperando o momento em que a apresentadora finalmente apareceria.
Xuxa subiu ao palco grávida de Sasha, em um dos momentos mais simbólicos da carreira. A rainha que por anos acolheu a infância de milhões de brasileiros agora vivia, diante do público, a sua própria maternidade.
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Essa imagem – a artista cantando com a barriga já aparente, cercada de paquitas e de luzes coloridas – marcou quem estava na areia. Havia ali uma espécie de passagem de fase: a mulher que o país via crescer profissionalmente agora se preparava para ser mãe, sem deixar de lado a relação intensa com as crianças que lotavam a praia.
O espetáculo seguia o padrão grandioso da turnê “Boas Notícias”, com efeitos especiais, figurinos brilhantes e um repertório cheio de hits. Canções como “Libera Geral”, “Xuxa Lelê”, “Planeta Xuxa”, “Amarelinha” e “Xuxaxé” transformaram a praia em um grande corredor de dança.
Mesmo quem estava mais distante do palco entrava no clima, copiando passos, repetindo refrões e gritando o nome da apresentadora a cada pausa. A nave, as escadas, a chuva de papel picado: tudo ajudava a transformar a areia em cenário de programa de TV ao ar livre, com o mar como pano de fundo.
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Entre as milhares de pessoas que lotaram a orla, surgiram histórias que atravessaram o tempo. Fãs que dormiram na praia para garantir lugar na grade, gente que pegou ônibus de madrugada para chegar cedo, crianças que lembram até hoje do momento exato em que viram Xuxa de perto pela primeira vez.
Para muitos santistas, aquela noite virou marco de infância ou adolescência: o dia em que a cidade parou, o trânsito travou na orla, e todas as atenções se voltaram para um único ponto de luz no meio da areia.
Mais de duas décadas depois, o show de Xuxa na Praia do Gonzaga em 1998 segue vivendo na memória afetiva da Baixada Santista. A geração que era criança na época hoje leva filhos a novos espetáculos, mas guarda uma lembrança difícil de repetir: a de ter visto a rainha descer simbolicamente na sua própria praia, com o cheiro de mar misturado a papel picado e som alto.
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