Cotidiano
O projeto, considerado uma das maiores obras de infraestrutura do país, mobiliza bilhões em investimentos e promete impacto direto na mobilidade urbana e no escoamento logístico da região metropolitana
Com 44 quilômetros de extensão, o Trecho Norte vai ligar os setores Oeste e Leste do Rodoanel, passando por São Paulo, Guarulhos e Arujá / Divulgação/Governo de SP
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O Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, última etapa que falta para completar o anel rodoviário da Grande São Paulo, entrou em fase decisiva de obras e deve entregar sua primeira parte em 2025.
O projeto, considerado uma das maiores obras de infraestrutura do país, mobiliza bilhões em investimentos e promete impacto direto na mobilidade urbana e no escoamento logístico da região metropolitana.
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Com 44 quilômetros de extensão, o Trecho Norte vai ligar os setores Oeste e Leste do Rodoanel, passando por São Paulo, Guarulhos e Arujá. A nova rota dará acesso direto às rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias e garantirá ligação rápida com o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
A complexidade do traçado, que cruza áreas urbanas densas e a Serra da Cantareira, exige a construção de 107 viadutos e pontes e sete túneis duplos, totalizando quase 7 km subterrâneos. No total, o empreendimento está orçado em R$ 3,4 bilhões.
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O contrato de concessão, assinado em março de 2023, prevê que a concessionária Via Appia (Via SP Serra) invista R$ 2 bilhões na retomada das obras, além de R$ 324 milhões em projetos auxiliares. O governo do Estado participa com R$ 1,07 bilhão, reduzido após deságio de 23,1%.
Parte do investimento também é financiada por um crédito de R$ 1,35 bilhão do BNDES. A concessão é de 31 anos, período em que a empresa ficará responsável pela conclusão, manutenção e operação do trecho.
Depois de anos de paralisações e disputas judiciais, as obras foram retomadas em abril de 2024. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP), em junho o projeto já havia alcançado 51% de execução total.
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O trecho entre as rodovias Dutra e Fernão Dias está com 76% pronto e deve ser entregue no segundo semestre de 2025. Já a parte restante, até a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, está com cerca de 39% de avanço e previsão de entrega em 2026.
Cerca de 5 mil trabalhadores atuam hoje no canteiro, com expectativa de gerar até 10 mil empregos diretos e indiretos ao longo da obra.
A Artesp estima que a conclusão do Trecho Norte retire 84 mil veículos da Marginal Tietê por dia, sendo 30 mil caminhões e 54 mil automóveis. Isso deve reduzir significativamente os congestionamentos, cortando o tempo de viagem entre Dutra e Castello Branco de 45 para 27 minutos, e entre Dutra e Bandeirantes em até 26 minutos.
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Além de desafogar o tráfego urbano, a obra é considerada estratégica para a logística nacional, ao facilitar o transporte de mercadorias no eixo Sudeste.
Apesar dos avanços, os desafios são grandes. Auditorias técnicas apontaram falhas herdadas do período de paralisação, como desalinhamentos em viadutos e infiltrações em túneis, que precisam ser corrigidos. A geologia da Serra da Cantareira também impõe cuidados extras com contenções, escavações e drenagem, para evitar riscos de deslizamentos.
Com a entrega parcial prevista para 2025 e a conclusão total até setembro de 2026, o Trecho Norte fechará o ciclo de 177 km do Rodoanel, consolidando-se como uma das maiores obras rodoviárias da América Latina.
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Resta saber se, diante de um histórico de atrasos e paralisações, desta vez os prazos serão finalmente cumpridos.