Cotidiano
Separados por mais de 100 anos e quilômetros de distancia, os dois episódios guardam semelhanças que vão além das fatalidade
A tragédia despertou lembranças do passado, como o acidente com o Elevador Funicular do Morro da Nova Cintra, em Santos. / Reprodução/ A cigarra e CNN Portugal
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O recente acidente com o icônico Elevador da Glória, em Lisboa, que deixou 17 mortos e mais de 20 feridos, fez o mundo voltar os olhos para os riscos que cercam os sistemas de transporte histórico. A tragédia despertou lembranças do passado, como o acidente com o Elevador Funicular do Morro da Nova Cintra, em Santos. Com informações do portal Memoria Santista, o acidente ocorreu em 1922 deixou duas vítimas fatais e onze feridos.
Separados por mais de 100 anos e quilômetros de distancia, os dois episódios guardam semelhanças que vão além das fatalidade. Ambos envolvem bondes históricos conhecidos como “elevadores”, operando em terrenos inclinados, transportando passageiros entre partes altas e baixas das cidades.
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Inaugurado em 1885, o Elevador da Glória é um verdadeiro patrimônio de Portugal. Liga a Praça dos Restauradores ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, atravessando uma colina com 265 metros de extensão e 44 metros de desnível. Seu funcionamento, inicialmente a vapor, passou por diversas modernizações até tornar-se elétrico.
Na última quarta-feira (3), por volta das 18h, o carro nº 1 do elevador descarrilou violentamente após o rompimento de um cabo de segurança, colidindo com um edifício próximo à Avenida da Liberdade.
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Bondinho turístico descarrilha e deixa mortos e feridos em Lisboa
O impacto causou a morte de 17 pessoas e ferimentos em mais de 20, incluindo turistas de diversos países. A tragédia abalou Portugal e levou à suspensão imediata de todos os funiculares da cidade para inspeção.
Muito antes do acidente em Lisboa, a cidade de Santos já havia experimentado uma tragédia semelhante. Em 29 de maio de 1922, o bonde funicular que ligava a base ao topo do Morro da Nova Cintra, operando desde 1902, sofreu um rompimento de cabo causado por ferrugem e desgaste.
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O sistema, pioneiro no Brasil, utilizava o conceito de “Tração Hidráulica por Gravidade”, em que a água, armazenada em tanques sob os assentos, criava o peso necessário para movimentar os carros nos trilhos.
Quando o cabo cedeu, o bonde lotado de passageiros despencou desgovernado por mais de 15 metros, capotando até virar um amontoado de destroços de madeira e ferro.
O acidente causou a morte imediata de dois passageiros, incluindo uma menina de 8 anos, e deixou onze feridos graves, muitos com fraturas expostas e amputações. O episódio levou ao fim definitivo do serviço, jamais retomado.
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Apesar das diferenças técnicas, ambos são conhecidos como “elevadores” e fazem parte do imaginário coletivo das suas cidades. Em Lisboa, o Elevador da Glória foi eternizado até em música, como na canção dos Rádio Macau. Já em Santos, o bonde da Nova Cintra marcou uma era de inovação e integração dos morros à malha urbana.
Os dois acidentes acendem o alerta sobre a importância da manutenção contínua e do investimento em infraestrutura, especialmente em sistemas antigos que continuam em operação turística ou pública.
Hoje, o método de tração hidráulica usado em Santos só pode ser encontrado em Braga, Portugal, ainda em funcionamento. Já os funiculares de Lisboa enfrentam uma paralisação preventiva, enquanto investigações tentam apurar se houve falhas humanas, técnicas ou estruturais no caso do Elevador da Glória.
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