Cotidiano

Americanas tem, em 2022, prejuízo de R$ 12,9 bilhões

Além da divulgação do balanço de 2022, a empresa reviu os números do balanço de 2021

Daniele Madureira/Folhapress

Publicado em 16/11/2023 às 16:33

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Os resultados dos três primeiros trimestres de 2023 serão conhecidos só em 29 de dezembro.

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 A Americanas encerrou 2022 com prejuízo de R$ 12,9 bilhões, uma alta de 108% em relação às perdas de R$ 6,2 bilhões registradas em 2021, conforme balanço da varejista divulgado nesta quinta-feira (16). A empresa adiou por quatro vezes a apresentação dos resultados depois do escândalo contábil deflagrado em janeiro, que a levou a entrar em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões.

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Além da divulgação do balanço de 2022, a empresa reviu os números do balanço de 2021. Os resultados dos três primeiros trimestres de 2023 serão conhecidos só em 29 de dezembro.

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De acordo com comunicado da companhia que acompanha o balanço, "a Americanas foi vítima de uma fraude sofisticada, baseada na manipulação dolosa de seus controles internos por parte de sua antiga gestão, o que tornou o refazimento das demonstrações financeiras extremamente desafiador, complexo e extenso, requerendo trabalho minucioso e rigoroso."

A receita líquida, por sua vez, subiu 14,6% na comparação anual, para R$ 25,8 bilhões.

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O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, que mede a geração de caixa da empresa) negativo foi de R$ 6,1 bilhões, uma alta de 82% sobre o Ebitda negativo de 2021, de R$ 3,4 bilhões. Um Ebitda negativo significa que a empresa não consegue gerar valor suficiente para cobrir os custos por meio da sua principal atividade.

A título de comparação, sob a diretoria anterior da Americanas, a empresa havia fechado 2021 com receita bruta de vendas e serviços de R$ 10,7 bilhões, receita líquida de R$ 9 bilhões, Ebitda de R$ 1 bilhão e lucro líquido de R$ 489,7 milhões.

Ao final de 2022, a Americanas registrou patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões.

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Os números foram auditados pela BDO Brasil, que não teceu comentários sobre o balanço. 

A companhia conduz na manhã desta quinta um evento online, dirigido ao mercado em geral para apresentar os resultados e informar sobre o andamento do seu plano de recuperação judicial. Planeja informar ainda sobre o plano estratégico da companhia em 2024.

Devem participar do evento o presidente da Americanas, Leonardo Coelho, e a diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria.

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O balanço estava sendo aguardado ansiosamente pelos principais credores da Americanas, os maiores bancos do país, com quem a Americanas já travou intensas brigas judiciais este ano. Depende deles a assinatura do plano de recuperação judicial da companhia, que vai garantir a sua manutenção no mercado.
Os bancos terão sua dívida convertida em ações da companhia, daí a importância de saber o tamanho real dessa varejista que, até a noite de 11 de janeiro deste ano, era considerada uma das maiores do país, capitaneada pelo trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, sócios da empresa de private equity 3G Capital, muito bem-sucedidos em seus negócios.
DE 'INCONSISTÊNCIAS CONTÁBEIS' A 'FRAUDE SOFISTICADA'

A Americanas adiou por quatro vezes a publicação do balanço do ano passado —previsto originalmente para o final de março, passou para maio, depois para o fim de outubro, para 13 de novembro e agora para o dia 16. No último dia 13, a empresa justificou o novo atraso dizendo ter sido "vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa."

Na noite de 11 de janeiro deste ano, a Americanas divulgou um fato relevante ao mercado informando sobre "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões, o que levou à renúncia do então CEO Sergio Rial e do principal executivo de finanças, André Covre, ambos recém-empossados.

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Em 19 de janeiro, a empresa entrou em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões. Os maiores bancos do Brasil são os principais credores da varejista, e foi com eles que a empresa deu início a uma verdadeira batalha nos tribunais: as instituições financeiras não aceitavam receber calote da companhia, até então uma das maiores do setor de varejo do país, que tinha livre acesso a crédito.

Em junho, a empresa assumiu fraude nos balanços. Relatório elaborado por assessores jurídicos que acompanham a Americanas desde que ela entrou em recuperação judicial apontou que demonstrações financeiras da varejista vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da empresa, o que inflou seus resultados em R$ 25,3 bilhões —esse foi o lucro fictício acumulado ao longo dos últimos anos (a companhia não informou ainda quantos anos).

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A antiga diretoria da Americanas atravessou décadas na empresa. À exceção do ex-CEO Miguel Gutierrez, que se aposentou ao final de 2022 para passar o bastão a Rial, os demais diretores foram afastados semanas depois de o escândalo vir à tona.

A atuação dos três principais acionistas da varejista —também esteve sob escrutínio. Conselheiro da companhia, Sicupira foi apontado como o representante do trio diretamente ligado ao dia a dia da Americanas. Mas, em depoimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), disse que ficou 'em choque' ao receber ligação de Rial para tratar do escândalo contábil.

No final de setembro, a CPI (comissão parlamentar de inquérito) que investigava a Americanas encerrou suas atividades sem apontar culpados.

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"Acreditamos que a companhia estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro através de uma proposta completa tanto em sua omnicanalidade quanto nos produtos financeiros disponíveis a nossos clientes", diz a mensagem da diretoria, que acompanha as demonstrações financeiras divulgadas nesta quinta.

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