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Cotidiano

Alunos pedem desculpa por bagunça por meio de carta em Cubatão

A mensagem foi escrita por duas representantes da sala e todos os alunos assinaram

Vanessa Pimentel

Publicado em 29/09/2018 às 08:30

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Alunos tiveram a ideia de escrever uma carta com um pedido de desculpas / Reprodução

Francisco Souza da Silva, o tio Chico, professor de Artes na escola UME Maria do Rosário Franco Lopes, em Cubatão, teve uma agradável surpresa na última quarta-feira. Era mais um dia de aula onde a missão dos alunos da terceira série era confeccionar instrumentos musicais de materiais recicláveis: pau de chuva, chocalho, agogô, ­tambores.  

Segundo o professor “a terceira série é barulhenta, o que é normal para as crianças dessa idade, mas no geral são tranquilos e a turma não costuma dar trabalho”.

Mas, naquele dia, os alunos estavam agitados demais. Derrubaram cola pelo chão, não avançaram na confecção do projeto, desperdiçaram papel, deixaram o local todo sujo e para piorar, no trajeto entre a sala de arte e a sala de aula, fizeram tanto barulho que os professores das outras classes precisaram fechar as portas para conseguirem dar andamento em suas aulas.

Chateado com o mau comportamento, tio Chico disse que não estava reconhecendo a turma e que aquela postura atrapalhava o planejamento dos trabalhos da semana.

“Enquanto eu explicava como a bagunça que eles tinham feito prejudicava a todos, a sala ficou me olhando em silêncio”, conta o docente.

A professora que assumiu a aula seguinte, Vivian Moraes, disse que depois que Chico saiu da sala ela continuou a conversa sobre como as ações geram consequências e a importância de pensar no coletivo. “Então eu perguntei: e agora? O que vocês podem fazer para consertar isso?”.

Foi então que os alunos tiveram a ideia de escrever uma carta com um pedido de desculpas e o compromisso de melhorarem o comportamento. A carta foi escrita por duas representantes da sala e todos os alunos assinaram.

“Quando a aula acabou, fui pego de surpresa com os alunos da terceira série me esperando com a cartinha na mão. Como não ficar emocionado com isso? Ainda vieram os abraços e as frases: nós vamos melhorar o comportamento tio, confia na gente”, detalha Chico.

A atitude das crianças foi tão inesperada que o professor compartilhou a foto da carta em sua rede social e comoveu os conhecidos com a história.

Questionado se a forma como ele chamou a atenção das crianças sem ser agressivo, apenas na base do diálogo fez a diferença, Chico acredita que sim.

“Impor castigos pode gerar uma antipatia, uma reação mais violenta. Já o diálogo estabelece um canal de comunicação e quando eles não se comportam bem eu procuro explicar como esta atitude pode prejudicar eles mesmos. Falo sobre a importância de esperar a vez de falar, de ouvir os dois lados. Assim eles refletem e chegam a uma conclusão. Acho que só assim conseguiremos formar adultos autônomos e com respeito ao próximo”, conclui Chico.

Íntegra da carta

“Bom dia professor Francisco o terceiro ano B vai mudar por exemplo: falar baixo, não gritar no corredor, te obedecer, esperar você falar, levantar a mão quando quiser falar e não levantar do lugar sem você mandar. Perdoa agente* professor nós vamos melhorar vamos fazer o possível para melhorar, desculpa.”

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