Alberto Mourão disse que quer e tem condições de assumir a Cidade de Criança / Divulgação
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O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB), disse ontem que quer e tem condições de assumir a Cidade de Criança, localizada no Jardim Solemar II, e transformá-la no maior complexo cultural, educacional, turístico e esportivo da Baixada Santista, “desde que a Diretoria da entidade conceda a área e as edificações que fazem parte dela à Administração por 50 anos. Os primeiros 10 anos para investimentos e concepção final do projeto e os 40 restantes para desenvolvimento de todas as atividades educacionais e sociais, destinadas às crianças, jovens e população em geral”, disse o prefeito, que completa: “se a diretoria lavrar uma ata passando o gerenciamento para a Prefeitura, eu assumo amanhã e começo a trabalhar a proposta, que inclusive já existe”.
Mourão revelou que desde a década de 90 vem se mostrando interessado na área - 600 mil metros quadrados (200 de área ocupada e 400 só de área preservada – mas que por diversos obstáculos apresentados pelos administradores do local, um projeto que já havia sido idealizado pela Prefeitura acabou não se concretizando e a unidade, que chegou a ser considerada pela Unesco referência internacional no atendimento a adolescentes na década de 70, acabou perdendo o principal objetivo e entrando em decadência física.
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“Com a proibição legal de que adolescentes não poderiam mais trabalhar, as oficinas que lá existiam – gráfica, confecção de tênis e outras – foram perdendo mão-de-obra e a situação financeira da entidade foi ficando difícil, até chegar à realidade atual. Eu cheguei a elaborar um protocolo de intenções para uma parceria, com investimentos públicos-privados, para um projeto de segundo tempo escolar para atender 5 mil alunos. O Pelé se prontificou a participar do projeto. Mas, na hora de assinar o contrato, ofereceram uma concessão de apenas 15 anos. Aí, não houve viabilidade econômica e segurança jurídica”, disse Mourão, ressaltando que depois ofereceram 25 anos, pediram um tempo para sair, não o fizeram e ainda desenvolveram outras atividades, enterrando de vez a proposta.
Em julho deste ano, em entrevista ao Diário, o presidente da Cidade da Criança, Elio Rodrigues da Silva, garantiu que a documentação da entidade está totalmente regularizada e que precisaria de pelo menos R$ 10 milhões de investimentos públicos ou privados, para recuperar suas edificações, melhorar os acessos, o saneamento básico e comprar maquinários.
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“Estamos tentando uma audiência com o prefeito Mourão para colocar o equipamento à disposição do Município para receber parcerias que visem transformar a vidas das crianças e adolescentes da região. Precisamos conclamar o empresariado para que olhe para a Cidade da Criança”, disse Elio Rodrigues. Mas ficou claro mais do que claro que o encontro ainda não ocorreu.
Um desperdício gigantesco
Imagine um campo de futebol oficial com vestiários e arquibancadas; uma quadra esportiva; oito pavilhões com 200 metros quadrados cada; alojamentos; um conjunto de seis casas e oito pequenos apartamentos, uma usina elétrica, uma lagoa com superfície de quatro mil metros quadrados; uma igreja e uma sede de 400 metros quadrados, com um consultório dentário montado, entre outros imóveis. Tudo pronto para ser reestruturado e colocado à disposição da população.
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Fundada em 1960, com apoio de empresários e beneméritos da Baixada Santista, a Cidade da Criança, quando começou a funcionar, contava com maquinário industrial moderno, com o qual os jovens passavam por cursos profissionalizantes como mecânica, tipografia, marcenaria, fábrica de sapatos. Através do curso de panificação, por exemplo, a entidade chegou a fornecer 1.500 pães diariamente à Santa Casa de Santos.
Nas últimas décadas, com a rigorosidade das leis de defesa da criança e do adolescente e os vários altos e baixos da economia brasileira, a entidade passou a ter dificuldades para sobreviver.
Em 2001, havia um projeto de recuperação do complexo educacional, em que a Cidade da Criança seria transformada numa vila olímpica, com auditório e fazenda experimental. A proposta não saiu do papel porque o empreendimento não despertou a atenção dos investidores regionais.
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O projeto ao qual o prefeito Alberto Mourão se referiu e que poderá ser readequado remonta 2005. Na época, o investimento seria de R$ 4 milhões. A ideia era transformar o complexo em uma escola de período integral, com laboratórios, teatro, prática esportiva e ensino para o trabalho.
Estava prevista a reforma os antigos salões e o anfiteatro, de forma que, enquanto uma turma de estudantes estivesse na sala de aula, a outra estaria aprendendo uma profissão ou praticando uma atividade esportiva ou cultural. Mourão não revelou valores atuais.