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Cotidiano

Ajuda começa a chegar às Filipinas, mas não onde é necessária

A ajuda está chegando a Tacloban: suprimentos médicos, paletes de água e alimentos chegam em caminhões, aviões e balsas enviados pelo governo filipino e países de todo o mundo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 12/11/2013 às 15:47

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Um dia depois de o tufão Haiyan ter atingido a costa leste das Filipinas, um grupo de 15 médicos e especialistas em logística estava pronto para voar para a cidade mais atingida, Tacloban. Nesta terça-feira, cinco dias após o que pode ter sido o pior desastre já sofrido pelo país, eles ainda aguardam o início da viagem.

A ajuda está chegando a Tacloban: suprimentos médicos, paletes de água e alimentos chegam em caminhões, aviões e balsas enviados pelo governo filipino e países de todo o mundo. Mas a escala do desastre e os desafios para entregar a ajuda recebida faz com que poucas pessoas de Tacloban, que está cheia de destroços e cadáveres, tenham recebido qualquer auxílio.

Um grupo de trabalhadores do Médicos Sem Fronteiras, com equipamentos médicos, chegou à ilha de Cebu no sábado procurando um voo para Tacloban, mas não havia partido até esta terça-feira Segundo um porta-voz do grupo, é "difícil dizer" quando eles conseguirão partir.

"Estamos em contato com as autoridades, mas o aeroporto (de Tacloban) é apenas para uso do Exército filipino", disse Lee Pik Kwan em entrevista por telefone.

Enquanto os médicos querem chegar à cidade, milhares de vítimas do tufão querem sair de lá. Elas acampam no aeroporto e correm para a pista quando os aviões chegam, passando por uma cerca quebrada. Alguns soldados e policiais tentam controlá-las e a maioria não consegue entrar nas aeronaves.

Um grupo de 15 médicos e especialistas ainda aguardam o início da viagem para Tacloban (Foto: Associated Press)

Um repórter da Associated Press rodou por cerca de 7 quilômetros na cidade e viu mais de 40 corpos, mas nenhum sinal de entrega organizada de comida, água ou medicamentos, embora grande quantidade de ajuda tenha chegado ao aeroporto. Algumas pessoas se alinhavam para pegar água de uma mangueira, cuja água supostamente saída das redes de abastecimento da cidade.

"Há muito a fazer. Não conseguimos chegar às comunidades remotas", declarou em Manila a subsecretária-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos. "Mesmo em Tacloban, por causa dos destroços e dificuldades logísticas, não temos conseguido chegar ao nível de entrega que gostaríamos. Vamos fazer o máximo que pudermos para levar mais."

O porta-voz da presidência, Edwin Lacierda, disse que a ajuda humanitária está chegando à cidade e que a entrega deve aumentar nos próximos dias, agora que o aeroporto e a ponte para a ilha estão abertos.

"Não vamos deixar ninguém para trás, nenhuma pessoa viva para trás", disse ele. "Vamos ajudar, não importa o quão difícil e inacessível seja."

"Médicos de Tacloban dizem estar desesperados por medicamentos. Ao lado da torre destruída do aeroporto foi montado uma hospital improvisado. No local, médicos do Exército e da Aeronáutica disseram ter atendido cerca de 1.000 pessoas com cortes, escoriações, lacerações e ferimentos profundos.

"É terrível", disse o capitão da Força Aérea Antonio Tamayo. "Precisamos de mais medicamentos. Não podemos aplicar vacinas antitetânicas porque não temos nenhuma."

Quanto mais os sobreviventes ficarem sem acesso a água potável, comida, abrigo e ajuda médica, maiores as chances da ocorrência de surtos de doenças e de mortes decorrentes de ferimentos ocorridos durante a tempestade.

O número oficial de mortos subiu para 1.774, embora autoridades tenham dito que a contagem vai subir e há quem acredite que pode superar os 10 mil. Mais de 9 milhões de pessoas foram afetadas numa grande parte do país e muitas estão desabrigadas.

Tacloban, cidade de 220 mil habitantes localizada na ilha de Leyte, foi a mais atingida pelos ventos e tempestades. A maior parte da cidade está em ruínas e shopping centers e lojas foram saqueados por moradores famintos.

A perda de vidas parece ter se concentrado em Tacloban e áreas próximas, incluindo uma parte da ilha de Samar, que é separada da ilha de Leyte por um estreito. É possível que outras áreas devastadas estejam tão isoladas que equipes ainda não chegaram a elas. A maior parte dos moradores de Tacloban passaram a noite de terça para quarta-feira sob intensa chuva.

Os danos sofridos na infraestrutura tornam os esforços de resgate e auxílio ainda mais difíceis. Autoridades do governo, policiais e oficiais do Exército estão, em muitos casos, entre as vítimas, o que prejudica a coordenação das ações. O tufão destruiu prédios militares que abrigavam 1.000 soldados na província de Leyte.

O porta-aviões norte-americano USS George Washington está a caminho das Filipinas com grandes quantidades de água e comida, mas o Pentágono disse que o navio não chegará até quinta-feira.

A tempestade também matou oito pessoas no sul da China e causou centenas de milhares de dólares em danos aos setores agrícola e pesqueiro, informaram meios de comunicação chineses nesta terça-feira.

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