Cotidiano

Agem pode sair da Cadeia Velha em 2020

Segundo Raquel Chini, já há tratativas de mudança de imóvel junto à Secretaria de Desenvolvimento Regional

Carlos Ratton

Publicado em 18/09/2019 às 07:30

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Osmar Rabelo, Júnior Brassalotti, Veruska Moura e outros artistas vão articular a retomada do imóvel como ponto cultural / Nair Bueno/DL

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O recente confronto entre o Movimento Artístico de Santos e a Direção da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), que está impedindo que os artistas se reúnam à noite na Cadeia Velha, poderá resultar na retomada do equipamento, que fica na Praça dos Andradas, no Centro de Santos, pela Secretaria de Cultura do Estado. O fim do uso compartilhado é um anseio da classe artística e da própria diretora executiva da Agem, Raquel Chini, que chegou à conclusão de que o prédio não é apropriado para a Agem.

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"Esse prédio seria apropriado se não houvesse esse forte movimento cultural. Ele (prédio) tem uma história ligada à cultura. A ideia do Estado é arrumar um espaço para colocar todos os entes num mesmo lugar, inclusive a Agem. Estamos trabalhando neste sentido e vendo outras possibilidades para deixar de compartilhar e devolver o espaço para a Secretaria de Cultura do Estado. Eu preciso de paz e um lugar para trabalhar", disse ontem Raquel Chini.

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A diretora revelou que a Agem precisa de um espaço mais operacional, com estacionamento fácil para a viabilização de inúmeras reuniões temáticas sem limitações. "Eu já conversei com o Secretário de Desenvolvimento Regional, que é responsável pela Agem, e estamos analisando uma possível mudança de imóvel. Não vamos conseguir sair ainda este ano por conta de orçamento mas, para o ano que vem, acho que vamos conseguir. Não vamos compartilhar à noite, pois não temos funcionários à disposição e não temos como nos responsabilizar pelo que tem aqui dentro fora do expediente", afirma.

Raquel finaliza enfatizando que o compartilhamento entre Agem e Movimento Cultural é desvirtuado porque o contrato só abrange atender ao Projeto Guri, do Governo do Estado. "Quem tem que ceder espaço é a Secretaria de Cultura de Santos. Tentei ajudar, me desdobrei para convencer os funcionários a ficar no período noturno, mas não tem como obrigá-los a ficar depois das 18 horas como porteiros", finaliza.

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Movimento

Enquanto o Estado discute uma possível retirada da Agem da Cadeia Velha, o Movimento Artístico inicia a luta para a retomada do espaço para uso estritamente cultural. Ontem, em frente ao prédio, artistas revelaram uma movimentação, ainda silenciosa, porém intensa para retomar o imóvel, que começou na última segunda-feira à noite, quando membros do Conselho de Cultura de Santos (Concult) foram impedidos de utilizar a Cadeia.

"Foi uma falha trágica. A Agem não poderia estar ocupando a Cadeia Velha. Foi acordo político que acabou trazendo pessoas que não têm afinidade com cultura e nem em colocar vida dentro do equipamento, que por sinal é tombado em três esferas. Precisamos de atividades plurais na Cadeia Velha, como foi pactuado. Não dá para continuar funcionando de forma compartilhada com a proibição de entrada dos artistas à noite, quando o cidadão sai de casa para consumir cultura e quando a maioria dos artistas se apresentam", afirma Júnior Brassalotti, que representa o setor de audiovisual do Concult.

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A representante do setor de Patrimônio Cultural, Veruska Moura, lembra que a Cadeia Velha era palco de inúmeras oficinas e cursos e que foi garantido que o uso compartilhado não iria atrapalhar o Movimento Artístico e o Concult. "O Projeto Guri é o único que resistiu, até porque é do Estado. Hoje, não temos mais praticamente nada, justamente pela desqualificação da cultura dentro da Cadeia, que é um patrimônio histórico. Chegou-se ao ponto pedir para os conselheiros saírem do prédio porque iria fechar à noite, embora tudo estivesse agendado", afirma.

Osmar Rabelo, do setor de Artes Visuais, revela que a Cadeia Velha é simbólica em sua vida. "Muito importante na minha formação. Lamento demais esse descaso e falta de vontade política com a cultura", afirma.

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A decisão da Cadeia Velha não ser mais um centro cultural foi tomada em 10 de janeiro de 2017, pelo então secretário de Cultura de São Paulo, José Roberto Sadek, junto com o então subsecretário de Assuntos Metropolitanos, Edmur Mesquita. Eles anunciaram que o espaço passaria a abrigar a Agem e polo local do Projeto Guri. Os recursos para as Oficinas Culturais Pagu continuariam a ser enviados para a Prefeitura de Santos, mas a utilização do antigo espaço para a atividade praticamente foi encerrada. "Se o município quiser fazer as oficinas aqui, ele poderá. O Projeto Guri e a Agem não vão ocupar todos os espaços", disse Sadek.

Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano, a Agem é uma autarquia do Governo Estadual que tem por finalidade integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum na região. Entre as principais atribuições destaca-se a arrecadação de receitas; fiscalização da execução das leis que dispõem sobre regiões metropolitanas e aplicação das respectivas sanções, estabelecer metas, planos, programas e projetos de interesse comum, bem como fiscalizar e avaliar sua execução.

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