08 de Outubro de 2024 • 07:07
Cotidiano
A estimativa da Icipar é que, ao final das obras, o Complexo Andaraguá poderia gerar até 58 mil empregos diretos e indiretos
O Complexo Aeroportuário e Empresarial do Andaraguá elevaria o PIB de toda a Região Metropolitana da Baixada Santista / Renan Lousada/DL
Estudos realizados pela Icipar Empreendimentos e Participações S/A durante o processo de licenciamento ambiental do Complexo Aeroportuário e Empresarial do Andaraguá mostram que o empreendimento elevaria o Produto Interno Bruto (PIB) de toda a Região Metropolitana da Baixada Santista, especialmente de Praia Grande e São Vicente. Mas, os impactos seriam ainda mais relevantes em municípios com atividade econômica mais tímida. Em Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, a Icipar calcula um incremento de 20% na soma de todas as riquezas produzidas a cada ano.
Isso por conta da facilidade de deslocamento de trabalhadores dessas cidades até o complexo e dos salários pagos pela indústria, que são mais altos na comparação com outros setores, como o turismo e o comércio. Essa renda incorporada pelos trabalhadores moveria o setor de serviços e a construção civil nessas três cidades, criando um ciclo virtuoso com a abertura de outros postos de trabalho.
A estimativa da Icipar é que, ao final das obras, o Complexo Andaraguá poderia gerar até 58 mil empregos diretos e indiretos. Esses postos de trabalho estariam ligados ao aeroporto, às indústrias que se instalariam nos 847 mil metros quadrados de galpões previstos, e às torres de escritórios e de hotel, também contempladas no projeto. Na área do Andaraguá também seria erguido um centro de compras com 87 lojas.
O empreendimento ocuparia uma área com 12 milhões de metros quadrados às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, na divisa de Praia Grande com São Vicente. E a empesa se dispôs a criar uma fundação que seria responsável pela capacitação de mão de obra. Para custear esses cursos, a Icipar se comprometeu a repassar 5% de tudo que for arrecadado.
“É emprego de qualidade, com salários acima da média. E hoje não existe mais indústria como a gente via há 30, 40 anos atrás em Cubatão, com aquelas chaminés. Hoje, a indústria é limpa. Quando a gente fala de indústria de tecnologia, de transformação, não há dano ambiental”, explica o empresário André Ursini, acionista do Complexo Andaraguá.
“Eu fiz empreendimento imobiliário nos Estados Unidos, peguei o conceito de aeroporto-indústria e trouxe para o Brasil. É um projeto interligado ao Porto de Santos porque estamos a 17 quilômetros de distância e a linha-férrea passa dentro da nossa área. Ele foi concebido para gerar bastante emprego e ter sustentabilidade ambiental”, explica Ursini.
“Quando fizemos a pesquisa, identificamos quais as empresas que utilizam o Porto. E alguns segmentos se destacaram, como a indústria têxtil”, revela o empresário.
“Todos os grandes magazines compram roupas fabricadas em outros países, no Vietnã, no Peru. Essas peças vêm para o Porto em contêineres e acabam subindo a Serra do Mar, vão para a Grande São Paulo para fazer o acabamento. Entra botão, etiqueta. E, muitas vezes, essas roupas voltam para o Porto para serem exportadas ou levadas para outros lugares do Brasil. Então, esse serviço poderia ser feito no Andaraguá, com economia no transporte”, completa Ursini.
O problema é que a Cetesb sentou em cima do projeto, que teria a capacidade de mudar o perfil socioeconômico da Região Metropolitana.
Em 2020, a agência ambiental ligada ao Governo do Estado voltou atrás e suspendeu a licença ambiental do Andaraguá. E inviabilizou um investimento de R$ 1,5 bilhão previsto no projeto.
E o licenciamento segue travado desde então, mesmo com acórdão exarado pela 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em outubro de 2021 e favorável ao empreendimento.
O projeto prevê a construção de uma pista de pouso com o dobro do tamanho da que está disponível no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. E também contempla galpões industriais com características semelhantes à das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs).
Desde a concepção do projeto, lá se vão 18 anos perdidos nos descaminhos da burocracia estatal.
Dos 12 milhões de metros quadrados pertencentes à Icipar na área do empreendimento, só 19% seriam efetivamente ocupados pelo aeroporto, pelas indústrias, pelo centro de compras, pelo hotel e pela torre de escritórios previstos no Complexo Andaraguá.
Os outros 81% do terreno seriam preservados para sempre com a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural. Gravada na escritura do imóvel, a RPPN jamais poderia ser destinada a outro fim, que não seja a preservação e a educação ambiental.
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