Empresas testam novo formato e repensam métricas de produtividade em um mundo cada vez mais conectado / Reprodução/Pexels
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Enquanto empresas e colaboradores ainda debatem os modelos remoto ou híbrido, uma nova tendência, mais radical, começa a redesenhar a relação com o trabalho: o microshifting. Diferente das discussões anteriores, focadas no local de trabalho, essa proposta redefine o momento em que ele acontece.
O conceito vai além do home office e propõe a fragmentação da jornada tradicional de oito horas. A ideia é intercalar blocos de trabalho profissional com atividades pessoais ao longo do dia, como exercícios, cuidados com a família ou estudos, criando uma rotina customizada que se adapta ao ritmo biológico e às demandas de cada pessoa.
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Um exemplo prático seria começar o dia trabalhando das 6h às 9h, fazer uma pausa prolongada para levar os filhos à escola e praticar um esporte, e retomar as tarefas profissionais no final da tarde. O foco deixa de ser o cumprimento de um horário rígido e passa a ser a entrega de resultados.
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A adesão a essa flexibilidade extrema tem fundamento. Uma pesquisa global da Owl Labs (State of Hybrid Work 2025) aponta que 65% dos profissionais demonstram interesse no modelo de microhorários. O principal atrativo é a possibilidade de alinhar as tarefas de maior demanda cognitiva aos picos individuais de energia e concentração.
Analistas do setor observam que, especialmente entre as gerações mais jovens, a demanda não é necessariamente por uma jornada mais curta, mas por uma jornada mais inteligente e autônoma. O microshifting surge como uma resposta a essa busca por "horários mais humanos", que respeitem os ciclos naturais de produtividade e o direito à desconexão.
Apesar do apelo, especialistas alertam para os riscos de uma fronteira tão tênue entre vida pessoal e profissional. A ausência de limites claros pode sabotar a recuperação mental, aumentar o risco de burnout e complicar a dinâmica das equipes, onde a colaboração depende de janelas de tempo sobrepostas.
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Para mitigar esses problemas, organizações que testam o modelo estão abandonando a métrica de horas trabalhadas e adotando a cultura de gestão por entregas e objetivos, onde o que importa é o resultado, não o tempo despendido.
O microshifting não é apenas uma nova modalidade de trabalho, é um teste sobre nossa capacidade de estabelecer limites em um mundo sempre conectado. Seu sucesso dependerá menos da tecnologia e mais de uma mudança cultural profunda, tanto nas empresas, que precisam confiar em seus times, quanto nos profissionais, que precisam aprender a desligar de verdade.