Cotidiano
O acordo não entra em vigor de imediato e ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países envolvidos, em um processo sem prazo definido
Na prática, o tratado abre caminho para que consumidores brasileiros tenham acesso a produtos importados tradicionalmente caros, como chocolates e medicamentos suíços / Freepik
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Após oito anos de negociações, o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) — formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein — vão assinar, na próxima terça-feira (16), um acordo comercial que prevê a liberalização de 97% das exportações entre os dois blocos.
A cerimônia ocorrerá no Rio de Janeiro, durante reunião informal de chanceleres.
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Na prática, o tratado abre caminho para que consumidores brasileiros tenham acesso a produtos importados tradicionalmente caros, como chocolates e medicamentos suíços, além do bacalhau norueguês, com preços mais competitivos.
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'É um marco importante porque reduz barreiras tarifárias e não tarifárias, que hoje encarecem os produtos importados. Só a alíquota do chocolate suíço, por exemplo, chega a 20%', afirmou Michel Platini, presidente da Associação Brasileira dos Importadores (Abimp).
Do lado das exportações, o acordo é visto como oportunidade de diversificação, especialmente em um momento em que setores como o de carne, calçados, móveis e equipamentos sofrem com tarifas elevadas nos Estados Unidos — em alguns casos, chegando a 50%.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que o tratado permitirá à indústria brasileira acessar um mercado de 15 milhões de consumidores de alta renda, com PIB somado de US$ 1,4 trilhão.
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'Após dez anos sem fechar nenhuma parceria dessa natureza, concluímos também os acordos com Singapura e com a União Europeia. É uma sinalização importante em favor do comércio internacional como fator de crescimento econômico e prosperidade para os povos', disse Alckmin.
O embaixador da Noruega no Brasil, Odd Magne Ruud, ressaltou que, diante do avanço de novas barreiras comerciais no mundo, a cooperação entre Mercosul e Efta é estratégica. 'Entre os setores de interesse estão energia, transporte marítimo, aquicultura e serviços digitais', afirmou.
Especialistas apontam ainda que a conclusão do acordo pode estimular avanços em negociações com outros blocos, como a União Europeia, cuja assinatura está prevista para dezembro.
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O texto assinado vai além da redução de tarifas, abrangendo:
bens e serviços;
investimentos;
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propriedade intelectual;
compras governamentais;
concorrência e regras de origem;
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medidas sanitárias e fitossanitárias;
barreiras técnicas e defesa comercial;
solução de controvérsias;
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compromissos de desenvolvimento sustentável.
O acordo não entra em vigor de imediato. Ele ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países envolvidos, em um processo sem prazo definido. Até lá, as expectativas ficam voltadas para a possibilidade de ampliar mercados, baratear produtos e reforçar o papel do Mercosul no comércio internacional.