Cotidiano
Após um período de alívio no bolso do consumidor, a tendência é que o valor da carne bovina volte a acelerar no próximo ano com a menor oferta de gado
A carne bovina atingiu valores tão elevados que muitas famílias atingiram o limite do orçamento / Freepik
Continua depois da publicidade
O consumidor brasileiro que aproveitou a desaceleração nos preços das carnes no segundo semestre de 2025 deve se preparar para um cenário diferente no próximo ano. Segundo análises do setor, a inflação das carnes, que chegou a registrar uma alta acumulada de 23,63% em junho, perdeu fôlego nos meses seguintes devido a uma produção recorde no Brasil.
O volume de abates foi tão expressivo que o país ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o maior produtor global de carne bovina pela primeira vez na história.
Continua depois da publicidade
No entanto, o analista Fernando Iglesias, da Safras e Mercado, alertou ao g1 que essa trajetória de queda tem data para acabar. O movimento de 2025 foi impulsionado pelo abate massivo de fêmeas, o que aumentou a oferta de proteína nas gôndolas e ajudou a frear os reajustes.
Para 2026, a tendência inverte e os pecuaristas devem começar a reter as fêmeas nas fazendas para a reprodução de novos bezerros. Com menos animais disponíveis para o abate, a oferta interna encolhe e os preços tendem a subir naturalmente.
Continua depois da publicidade
Outro ponto determinante para o valor que chegará ao consumidor final é o mercado externo. As exportações brasileiras seguem em níveis elevados e o fluxo deve continuar acelerado. O grande ponto de interrogação para o próximo ano reside nas decisões da China, que é a maior compradora do produto brasileiro.
O governo chinês estuda a imposição de salvaguardas e cotas que podem restringir as importações. Caso essas restrições sejam severas, uma quantidade maior de carne sobraria no mercado interno, o que poderia mitigar a alta de preços. Por outro lado, se o fluxo continuar livre, a pressão de alta será inevitável.
Além das questões de campo e exportação, o comportamento do próprio consumidor brasileiro ajudou a colocar um teto nos reajustes recentes. A carne bovina atingiu valores tão elevados que muitas famílias atingiram o limite do orçamento, migrando para proteínas mais acessíveis como o frango, ovos e embutidos.
Continua depois da publicidade
Essa mudança de hábito força a indústria a ser mais cautelosa com novos aumentos, mas não impede que o ciclo biológico do gado e a demanda global elevem o patamar de preços em 2026.