Com tempo médio de viagem de até 18 dias, exportadores já não conseguem evitar nova taxação americana / Divulgação/Porto de Santos
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Além de representar um agravamento expressivo frente à tarifa de importação de 10% já aplicada em abril, a imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros transcende o âmbito do comércio bilateral, comentou a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (ABIA), por meio de uma nota oficial.
Com a importância do Brasil como fornecedor consistente de matérias-primas e produtos industrializados, como suco de laranja, proteínas animais, açúcar e café, e dos EUA como um dos seus principais consumidores, a medida poderia provocar realinhamentos nas rotas comerciais e internacionais.
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Ainda de acordo com a ABIA, os EUA são o segundo maior mercado individual do Brasil, atrás apenas da China. Com a perda do mercado estadunidense, o Brasil teria que redirecionar parte de sua oferta a outros destinos globais.
Ao mesmo tempo, os EUA teriam de buscar novos fornecedores, o que não ocorre sem custos nem desafios logísticos, especialmente considerando os volumes envolvidos e a liderança brasileira em vários segmentos.
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Essa reorganização tende a gerar repercussões para países terceiros, que gerariam um afetamento nos volumes, preços, contratos e na estabilidade das cadeias produtivas agroindustriais em escala global.
Inclusive, as plataformas de streaming também devem ser afetadas por conta do tarifaço.
Diante desse cenário, a ABIA alegou que defende a retomada urgente de um diálogo técnico e diplomático com os EUA.
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A entidade considera crucial que haja uma articulação institucional para mitigar incertezas e distorções, considerando os efeitos da medida não apenas sobre o comércio, os investimentos e a atividade econômica entre ambos os países, mas também sobre variáveis macroeconômicas sensíveis, como a taxa de câmbio e a inflação.
A ABIA ainda reafirma seu compromisso com a cooperação internacional e sua disposição de colaborar com as autoridades brasileiras e o setor privado na construção de caminhos técnicos e diplomáticos que garantam a estabilidade do comércio, a previsibilidade dos investimentos e a manutenção de empregos e produção.
A corrida das empresas brasileiras para tentar evitar a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos chegou ao fim.
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Com a medida anunciada pelo ex-presidente Donald Trump no último dia 9 e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, exportadores tentaram adiantar os embarques, mas agora já não há mais tempo hábil para que as mercadorias cheguem em solo americano antes da data de aplicação da nova taxação.
Segundo técnicos do Porto de Santos ouvidos pela CNN, o tempo médio de viagem de navios para os principais portos dos EUA varia de 14 a 18 dias — o que torna impossível o desembarque antes do prazo, mesmo que os carregamentos sejam enviados imediatamente.